QUEREM FICAR BILIONÁRIOS?
Em 2017, morreu a mulher considerada pela imprensa a mais rica do mundo, Liliane Bettancourt, aos 94 anos, herdeira do grupo francês L’ORÉAL. O problema é que, nos últimos anos, passou em disputa judicial acirrada com a única filha, Françoise, de 64 anos, que a acusava de estar com a capacidade mental limitada, por manipulação de um fotógrafo francês, conhecido no ramo, que já teria recebido um bilhão de euros em presentes e dinheiro. Não as conheço, estou repercutindo noticiário lido, pode ter sido apenas fofoca. Aparentemente, este fotógrafo comeu parte do mingau pelas beiras: por um bilhão de euros, nonagenária é miss e mingau de maisena é geleia de trufas temperada, para quem gosta muito de dinheiro. Grande parte dos embates judiciais tem fundamento econômico, tudo bem, é normal. Mas numa família pequena assim, com tamanha abastança, é coisa de louco. Se a briga fosse por um prato de lentilhas, a gente até entenderia, mas pela grandeza da fortuna, não. Nem chega a ser o tradicional pecado capital da ganância, mas o mais arrasador de todos, consagrado na evolução histórica: o da burrice. João Gilberto - nosso gênio musical – estava em disputa com a filha (interdição), mas aí, parece, havia problemas de dívidas e de coisas que poderiam afetar, ou já estavam afetando, sua vida pessoal. Não sei ao certo, mas, com certeza, não envolvia recursos tão estarrecedores. O nosso Judiciário costuma zelar pela liberdade do indivíduo, salvo em situações graves e de risco. Não sei se o dinheiro traz ou não felicidade, mas no caso francês noticiado, acredito que o mencionado fotógrafo, em qualquer circunstância, infeliz não ficou. Por isto me espanta o fato de certas pessoas, legítima ou ilegitimamente, acumularem fortunas. Jamais irão gastá-la e usufruí-la completamente, além de ficarem sujeitas a todas as intempéries do excesso: brigas acirradas de herdeiros, crimes ou sequestros, como foram exemplares os casos do dono da Heineken ou do neto do bilionário Paul Getty. Portanto, caro amigo, capricha no teu bom churrasquinho domingueiro, na ceva abundante ou no vinho qualificado, compra um sapatinho novo pra nega veia, passeia no litoral, reforma o motor da tua máquina automotiva e tira um cochilo gostoso na sombra da tua rede caseira. Não precisando pagar juros bancários, está mais do que bom. Os sucessores que aprendam o caminho das pedras.