O TELEFONEMA
Por trinta anos, também tive escritório profissional advocatício, no 11° andar do Edifício ACEGUÁ, na Rua Uruguai, centro de Porto Alegre. Não se preocupem, não vou contar sua história, apenas registrar que, em grande parte do tempo, reunia eu, meu cunhado e meu irmão Ricardo, além de “boy” e estagiária de Direito. Em verdade, nos anos derradeiros, antes de seu fechamento, os sócios éramos eu e Ricardo, com estagiário/a. Nesse tempo, tínhamos - os associados - mesas numa mesma sala, minha presença física não era mais tão frequente, em função de outras atividades exercidas. Por detalhes que não vêm ao caso, possuíamos dois telefones fixos. Certa feita, estava eu sentado à frente da mesa do irmão, discutindo determinado processo. Então, Ricardo achou por bem fazer uma ligação telefônica, pegou um dos aparelhos e discou. Eu já estava fora do ar, analisando certo texto jurisprudencial. Mas o outro aparelho telefônico teimava em tilintar nos meus ouvidos, simultaneamente à ligação que fazia o irmão, sei lá exatamente para quem. Como o telefone não parava de tocar, atendi. Eu dizia e repetia o tradicional “alô, quem fala?”. E ninguém respondia do outro lado. Sons estranhos. De repente, Ricardo me comenta, do outro lado da escrivaninha: “Engraçado, tu estás falando aí na minha frente e tua voz está também saindo aqui ao telefone”. Na afobação, o “gênio” havia se equivocado e ligado para o próprio Escritório! Pode? A gente dá risada até hoje.