EXPECTATIVAS E FRUSTRAÇÕES

A experiência de vida ensina muito e produz lições, independentemente de seres ou não perito no assunto. Quero abordar uma questão basicamente de temperamento. Ser inquieto, ansioso, voluntarioso é da natureza de cada indivíduo. Uns mais, outros menos. A idade justifica alguns comportamentos: é da natureza, em geral, dos jovens, serem inquietos, desejosos, sonhadores, com apetite para devorar o mundo. A realidade da vida costuma temperar tanta energia do querer. No entanto, há quem conserve o vezo, o que às vezes é bom e outras vezes nem tanto. A ansiedade gera expectativas, com as inevitáveis conseqüências de desencanto e inquietude. Nada é bom sempre e para sempre. Não significa conformismo, mas consciência de limitações e da relatividade das coisas. A grande festa almejada pode ser uma frustração, os melhores programas, às vezes, podem tornar-se os piores. Tudo o que depende muito de outras pessoas não é garantia de satisfação. A sociedade de consumo estimula a ânsia de tudo ser e tudo ter: gerou uma “avis rara”, o “quero pica, quero pau”, cruza de quero-quero com pica-pau. Não é comum crianças que brinquem sozinhas e, igualmente, raro os que se sentem circunstancialmente em paz e felizes no calor solitário do ninho. O megaevento tornou-se imperativo e até parece que só existe vida quando a pessoa se dissolve na coletividade, com música estridente, som elevado, fogos, danças tribais e máscaras. Tudo tem o seu valor e importância, mas nem sempre “precisam” combinar com a tua vontade. Pelo sim, pelo não, aprendi a adestrar os meus anseios e a prestigiar certa independência, por menor que seja. Tem funcionado relativamente e fico contente.