OS FAMOSOS

Quem muito se destaca, naturalmente atrai e empolga. Às vezes, bate um frenesi, como nas apresentações dos Beatles, por exemplo. Políticos carismáticos podem levar as massas ao delírio e à inconsequência, assim como lindas mulheres, artistas deslumbrantes ou ricos e inteligentes como Bill Gates. Possibilidades são inúmeras. É tudo normal, “Humano, demasiadamente humano”, conforme a obra de Nietzsche. Este texto é motivado pela extrapolação da maneira reativa das pessoas na sociedade de hoje. É rebanho demais para pouquíssimos pastores. Qualquer feito pode transformar um Zé Ninguém em celebridade venerada. Aliás, sem intuito de desmerecer quem quer que seja, mas você bota as caras ou tira a roupa num programa televisivo tipo Big Brother e já arregimenta legiões de admiradores, para deleite da mídia. Agora, aquela mãe e arrimo de família, que tem de deixar os filhos pequenos com vizinha e sai de casa às cinco da manhã, pegando duas conduções e vence os riscos da cidade para trabalhar oito horas e volta tarde da noite a casa, acaba morrendo cedo, anonimamente, pobre, quem sabe até criticada. Apenas os filhos serão seus fãs. Tem gente de destaque, rico ou não, que admiro e aplaudo, como qualquer cristão, mas não aceito o endeusamento consumista e comercial de certas figuras que “bombam” por aí. Da política ao entretenimento. E contesto também certos modismos de lazer e comportamento. Não estamos em nenhum programa besta de auditório, sob hipnose e fazendo volume. O Ziraldo lançou certa feita uma revista para concorrer com a badalada “Caras” - só de gente bela e famosa. Sua revista chamava-se “Bundas”. E ele dizia: “Quem mete bundas em Caras, não mete as caras em Bundas”.