CONSEQUÊNCIA DA IDADE

Como a grande maioria das pessoas, convivo bem com minha idade. Ela traz alguns benefícios e prazeres, que passam “batidos” em outras faixas etárias. Não me queixo, ao contrário, até me regozijo por estar chegando um pouco mais longe e de estar satisfatoriamente aproveitando a vida, na melhor companhia. Mas, cada um com seu cada qual e pau que nasce torto nunca se endireita. Eventualmente, sinto muita falta daqueles bons tempos em que ainda chamava alguma atenção de certas mulheres. Pode ser uma grande besteira, nada dura para sempre, mas sou suficientemente honesto para reconhecer esta fraqueza. Nunca fui o rei da cocada, mas tive bastante sorte nas minhas andanças, mesmo nos casos em que, por compromisso, nada aconteceu. Bastava o potencial, a perspectiva. Era uma sensação positiva e de autoconfiança, que abria caminhos, pelo menos na imaginação. Neste aspecto, o passar do tempo é mortal. Muitas são as compensações, com certeza, mas é como diz o ditado “cachorro que comeu ovelha, só matando”. Meu avô Pedro, já adoentado, depois dos oitenta anos, ficava disposto, agitado e falante quando eu lhe apresentava uma namorada bonita. Vó Dima morria de rir e disfarçadamente comentava “Vê só a alegria do Pedro!”.