SURPRESAS DO CALENDÁRIO

Jovem, ou não tanto, quando ainda trabalhava, minha adrenalina subia nas sextas-feiras, finais de semana, feriadões e férias. Coisas bem boas. Sexta, inclusive, era o “casual day”. Há quatro anos, porém, preciso confessar que um dia semanal antes detestado - as segundas-feiras – hoje me deixa feliz e animado. Nas segundas, é um dos dias em que vem nossa empregada e eu escolho a refeição, se necessário vou à feira e às vendinhas das cercanias, compro legumes frescos para a sopa da noite e faço as caminhadas que me servem como exercício saudável. Não existe qualquer programação especial que altere minha rotina, às vezes vou ao dentista, à barbearia, ao banco retirar dinheiro e me abasteço dos pacotes básicos semanais de cigarro, com o vinho já garantido para a noite. Dou palpites na cozinha, eventualmente na limpeza e arrumação da casa, regulo o horário exato para almoçar depois da cervejinha, antes do passeio com os cães e da religiosa sesta. Trato dos meus negócios e dos movimentos “home banking” e pronto. Não que nos finais de semana haja problema, a mulher é parceira, mas aqui estou praticamente só no planeta, em dia tido como útil, tudo funcionando a pleno. Se você não gosta, tudo bem, pode continuar se esfalfando para juntar mais e mais grana - que talvez nunca aproveite, mas que vai assegurar velório bonito e um espólio relativamente apetecível para os herdeiros. Sei lá se irão realmente necessitar, após tantos e longos trâmites judiciais surrealistas. A minha filosofia é aquela de que “nem tanto ao mar, nem tanto a terra”. Presente sempre o caso exemplar de JORGINHO GUINLE, que já comentei diversas vezes por estas bandas. Regressando ao calendário gregoriano, em vista da radical mudança narrada, não posso deixar de pronunciar meu SALVE às segundas-feiras, tão proveitosas que são.