RESPEITO

Não levem em conta as circunstâncias em que as pessoas encontram-se perante o poder formal: o Papa, o Presidente da República, o Governador, o Deputado, o Presidente da empresa, o Professor ou o intelectual renomado. Aí, não tem choro e nem vela, especialmente quando se trata de figura autoritária, badalada ou carismática. Vamos deixar de lado esta coisa toda e ficarmos no dia a dia. Em minha opinião, ressalvando a postura correta de vários indivíduos, a sociedade moderna é uma patrola e as pessoas costumam passar por cima de quem quer que seja, velho, jovem, deficiente, humilde ou forasteiro. Já vivi do lado de lá e, principalmente, do lado de cá do balcão e sei perceber até as sutilezas de tratamento. Como nunca fui apegado a formalidades, concluí, desde muito moço, que respeito a gente tem de conquistar na postura habitual: é preciso matar um leão por dia para sobreviver na selva, senão fica apenas se exclamando no banhado, com água pelas canelas. Meu pai, com cinqüenta e alguns anos, pintava os cabelos naquele tom “caju” clássico masculino, que não tem evolução que melhore. Eu ria e ele me explicava: “Meu filho, homens mais velhos, este pessoal de hoje não respeita”. E ainda matava um leão por dia. Portanto, me acostumei a não depender de “carteira”, currículo, título, roupa ou veículo para dizer claramente a que vim. E não é que, às vezes, funciona? Não foi uma e nem duas vezes em que tive de ligar para “autoridades” e fui atendido. As secretárias, no cumprimento estrito de seu papel, tentavam me prensar: “Quem? De onde? Qual o assunto?” E eu, impassível, dizia firme: “Sou José Pedro, ele sabe quem e o que é.” Quando não funciona, paciência. Ao menos fiz o correto e procuro outras vias.