METAS
Faltando um mês e pouquinho para atingir os setenta e dois anos de idade, acho que é bem o momento de pensar nas metas para o amanhã, tudo correndo bem. Naturalmente que, a esta altura do campeonato, ousar é fantasioso e fazer grandes planos também, o que não significa acomodação ou qualquer tipo de renúncia. Nem seria do meu feitio. A gente sempre deseja viver bem, mas confesso que não é fácil estabelecer metas, objetivamente falando. Pois é, se eu fosse uma pessoa efetivamente séria teria por metas deixar de fumar e passar a beber minimamente, mas esqueçam, isto nem me faz cócegas. Há algum tempo, eu já como moderadamente, embora de tudo, sempre com muito tempero. A vaidade básica impõe a manutenção de certa forma física, é claro. Como filho de médico, com irmão médico e ainda tendo sido genro de médico, prefiro eu próprio controlar as minhas reações biológicas. Quando algo incomodar mesmo, irei procurar um esculápio. Vamos deixar que corra a loteria, sem estresse. Se eu contar que minha mãe dava aconselhamentos médicos para vários que a procuravam, na ausência do pai, vocês talvez não acreditem. Eu tinha, de certo modo, por escopo, viver um pouco mais tempo no apartamento de Gramado, mesmo só, pois a mulher trabalha. Não posso dizer que seja uma meta, mas é coisa teoricamente possível para meses mais frios. Viajar não é meta, é coisa que eventualmente dá na veneta e a gente organiza os cachorrinhos e vai. Não tenho objetivos materiais, só gostaria muito que melhorasse a economia deste país claudicante: para mim, mulher, filhos, enteado e netos. E que não demore. Vou surfando conforme a onda. Enquanto escrevo, faço enorme esforço para vislumbrar grandes objetivos, mas não está rendendo. Como está, ruim não é. Tenho até receio de grandes mudanças. Talvez minha maior meta seja reproduzir este texto por mais alguns anos, sem maiores sobressaltos.