"Nasceno minino"

Zumira pariu...

Zumira pariu... Sorta fuguete pipoca rojao quero vê istrondá a chapada de tanta aligria.

Tia Zefa, era a Partera mais cunhicida de todo nosso arrebó.

Já aparou mais de 50 mininos e mininas. *Mãe de parto* , (Assim era chamada Tia Zefa).

Cachimbo na boca, de cabo cumprido feito de taboca do brejo, umas foias de Arruda nazureias, um ruzaro fartano argumas contas devido a tanta rezaria, uma quartinha de Milomi distilada de alambique, (feita por Juão de Pureza), cheia inté a boca, paí bebeno enquanto os trabaios de parto era feito.

Esse era o ritual dela.

Tia Zefa disse que Zumira gritô tanto, mar tanto, que deu muito trabaio de sortá a cria que demorava coroá.

Mar niquicando o minino gritou anunciando a Chegança, Tia Zefa já tava bêba roncano, caída num canto do quarto abracando a garrafa vazia.

Quiá quiá quiá

Quiá quiá quiá quiá. Todos Riram, mas respeitavam, e muito tia Zefa.

Ahhh minha pobre Tia Zefa, Esse era o seu jeito de apará os mininos e as mininas que por ali nascia.

É menino...

é menino... ouvia o povo gritando.

Se avia Andriano, tu num ouviu nao?

Pega os fuguete ligero.

Gritava Genaro com ozóios nebrinado pelo pifão que ja tinha tumado na espera do pari de Dona Zumira.

Eita cachaça impurrada, Eita Genaro pau d'água da mulesta.

Mas ele tava era muito filiz, pois era seu fio de númuro 12.

Eita pêga ... uma dúzia de fio?

Siria tudo homem?

Não! Ele tem agora meadúza de fio macho, e meaduza de fia fema.

Zumira pariu, sirrino, o povo surria tomém, e tomava meladinha, feita por Ricardina, que era irmã de Zumira

e as crianças no terrero gritavam, pulavam e se divirtia a brincar dizeno:

É mais um que chega, é mais um que chega pra nossa casa, viva Deus.

Mas no fundo, Genaro pensava consigo: É... hic.. é mais um pra cumprir a nossa sina nordestina hic.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 15/10/2018
Reeditado em 25/10/2018
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