DE PAPO COM A EMPREGADA
Perguntei à empregada em quem ela votaria. Claro que ela me devolveu a pergunta e quis saber qual era meu candidato. Disse-lhe que não votaria, em princípio, em nenhum deles e que me sentiria mais em paz com a minha consciência não votando. Mas assinalei que era um modo de pensar muito meu, tanto que era e é decisão ainda pendente. Na minha idade, não tenho, ao menos, a obrigação de votar. Ela, que não é boba, tem pouco mais de sessenta anos, não me declinou qualquer nome, mas ponderou: “Todos mentem, a propaganda política é uma piada, acho que a gente tem de votar em quem favorece os mais pobres e não tira direitos de ninguém. Se todos tiram proveito, que a gente também tire proveito, ao menos para filhos e netos”. Resposta bem inteligente. Também falei bastante sobre esquemas de corrupção, mas nomes ou partidos não vieram à baila (seja eleito quem for, mas que eu não perca a empregada - mesmo que seguidamente “engripada”). Finalmente, frisei que um Presidente da República, atualmente, não manda mais como em outros tempos e que é preciso escolher bem um Parlamento, Senadores e Deputado Federal. Ela me perguntou em quem votar, não disse nada (eu a conheço) de imediato, apenas sugeri que ela procurasse se informar. Então, respondeu-me: “Mas como, não dá pra acreditar em nada do que dizem na propaganda política, anunciam uma coisa e fazem outra!” A partir disto, argumentei que ela deveria, então, buscar a renovação do quadro existente, como primeira medida. Seria interessante falar com vizinhos e amigos, citei-lhe alguns nomes de candidatos como sugestão, assinalando que era irrelevante o partido político do escolhido. O que eu mais exaltei foi a história de vida, de luta e de trabalho da pessoa. Não adiantaria referir-me à pesquisa pela internet ou por jornais, no caso. Então, aconselhei que ela lesse, no mínimo, a propaganda impressa dos candidatos. Acenei com a alternativa de que ela escolhesse quem comprovadamente lutasse pela defesa da vida com relação ao trânsito, à proteção dos animais, à defesa do meio-ambiente, enfim, a questões sérias e bem específicas e que isto constaria claramente dos currículos eleitorais, sem muita possibilidade de conversa fiada. Ela gostou da sugestão. Vejam bem, não existe mais tanto bobo por aí, não.