O FUTURO DE TODOS NÓS
A eleição vindoura será de grande importância para Presidente e Parlamento. Aliás, desconheço eleição que não tenha sido de grande significação. Minha geração já passou por muitas refregas, vários governos, partidos, alianças, pessoas, sistemas e regimes. Lembro muito bem da eleição de Jânio Quadros e dos tantos que o sucederam. Não recordo com muita nitidez da eleição anterior do JK, mas lembro de seu governo e da construção de Brasília. Sempre houve exaltação, expectativas, desavenças e pitadas de descrédito. Tivemos governos positivos e outros nem tanto, o mundo político é assim. Mal ou bem, sobrevivemos e construímos nossas vidas - nossa biografia, nosso trabalho, nosso patrimônio e muitas relações. Mais complicado que governos, acredito que são os novos tempos, o avanço tecnológico e o fenômeno da globalização. Portanto, sem nenhuma tentativa quixotesca de diminuir a importância da escolha dos novos mandatários, creio oportuno enfatizar que, vença João ou Manoel, seremos sempre nós os verdadeiros senhores do amanhã. Não será este ou aquele no governo que irá modificar seriamente a minha vida, de meus filhos ou netos, ainda que, eventualmente, possa colocar algum embaraço ou propiciar real melhoria. São mundos que têm, a rigor, tudo a ver, mas, como dizia minha querida e falecida irmã sobre críticas que recebia: “É, mas não é tanto assim”. Lembro, ao ensejo, entrevista do General Emílio Garrastazu Médici, que declarou certa feita: “A economia vai bem, mas o povo vai mal”. Então, tudo é possível. Que ninguém espere milagres de governos, Estado, salvadores da pátria, grandes e arrebatadores líderes, pois, repito, somos nós mesmos que vamos ter de abrir uma clareira na floresta, erguer a barraca e abrigar os que dependem das nossas energias. O resto, geralmente, é filosofia de boteco.