ELEIÇÕES 2018

Consternado pelo pavoroso incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, lamento que o assunto esteja sendo tratado sob enfoque político-partidário e eleitoral, quando é problema nítido de gestão pública e, sobretudo, de valores, programas e prioridades de país carente, imenso, desigual e com tão débil e difusa participação popular em grande parte de seus próprios interesses. O período eleitoral nos deixa mais “acesos”, pena que, depois, passe. É claro que temos maus administradores, mas eles não surgem do nada, como num passe de mágica. Concluam como quiserem. Estou preocupado com as eleições que se avizinham. Não freqüentei o Oráculo de Delfos e vou transmitir apenas uma impressão de momento, assim como fazem também os institutos de pesquisa. O que vislumbro agora como provável é uma “ballotage” envolvendo Bolsonaro e Haddad (por ser o candidato do PT), ou seja, direita contra esquerda, com tendência a uma vitória direitista, como já ocorreu em vários países importantes, como os USA e França. Não interessa se A ou B tem virtudes, o que me incomoda, se efetivamente ocorrer esta hipótese, é a radicalização política, quando necessitaríamos, a meu ver, de ampla e séria conciliação nacional, capaz de motivar e restabelecer a confiança geral. No clima atual que percebo – tomara que me engane! – não sinto este tipo de expectativa das pessoas com relação aos demais candidatos, ao menos não de modo expressivo e eleitoralmente denso. Não quero ferir suscetibilidades e nem colocar óbices às genuínas preferências dos amigos, que muito respeito, mas parece (eu disse “parece”) que está ocorrendo um encaminhamento para este tipo de confronto. Ademais, é sempre importante ressaltar que não há sentido no chamado “voto útil” quando se conta com eleições em dois turnos. Se acontecer mesmo, tudo bem, o povo é soberano, a democracia é assim, mas, pessoalmente, creio que não seria a via mais construtiva. Se não gostarem do texto, vou entender, o momento é um tanto passional. Só não quero é ficar debatendo nomes e campanhas eleitorais, pois minha intenção aqui é a mais isenta possível. Ainda é cedo e o erro também faz parte do processo, reconheço. Mas estou observando esta tendência.