A um passo do Paraíso... ou do abismo?

O Brasil está passando por um momento político extremamente delicado. Uma catarse* coletiva se aproxima.

O país se convulsiona, por meio da paixão de seus cidadãos.

Todos clamam por justiça e ética na política. E, nesse clamor, as ruas se lotam de vozes libertárias.

E, seguindo as ruas, os serviços de redes sociais, como o Facebook, se transformam em outra arenas. No meio delas, um partido, ora no Poder; nas plateias, multidões; uns apedrejando-o, outros, querendo incluir nas arenas outros partidos.

Trata-se de uma grande guerra onde, historicamente, não há somente heróis ou bandidos; apenas a natureza humana ainda nos primórdios da evolução espiritual, cega, insensível, e que, em busca de um bem-estar geral ─ muitas vezes pessoal, egoísta, diga-se de passagem ─, ao atingir uma posição de Poder, por ele deixa-se levar, ao sabor, mais do que das ondas do Poder, pelas correntezas de sua sede, necessidade de ter; de ter muito, de ter além do necessário, de ter mais e de forma menos penosa. E, com isso, roubando de toda uma nação a esperança de ver uma pátria-mãe, de ver uma pátria gentil, que a todos ampara, que a todos agasalha, que a todos aponta para um futuro de paz e prosperidade.

Estamos à beira de uma guerra civil, fratricida, e não uma guerra cívica. E o campo de batalha não é mais apenas nas ruas, mas, sobretudo, no Facebook e outros canais de comunicação.

E a guerra não está limitada a argumentos ponderados, porém, a toda sorte de manifestação de rancor, de ódio, de desrespeito, de intolerância.

É preciso e urgente, sim, exigir e impor a ética na política. E este talvez seja o momento mais propício para isto. Entretanto, que não manchemos nossas mãos, nossos corações e nossas almas de sangue, pois, de mãos fortes e hábeis, e de corações e almas limpas, transparentes é que devolveremos, finalmente, as cores vivas e reluzentes da nossa Bandeira, que tremulará, altaneira, nas colinas do planeta Terra!

* Catarse. Termo da esfera da religião, medicina e filosofia da Antiguidade grega, que significa libertação, expulsão ou purgação do que é estranho à essência ou à natureza de um ser e que, por isso, o corrompe.