Elementar, meu caro Watson!
Estamos no outono, estação do ano que, no Hemisfério Sul inicia-se quando o sol atinge o equinócio de março (21) e finda quando ele atinge o solstício de junho (20). E, relembrando os tempos do ensino médio, ‘equinócio’ é o momento em que o sol, em seu movimento anual aparente, corta o equador celeste, fazendo com que o dia e a noite tenham igual duração; já o ‘solstício’ (de inverno, no caso), é o dia do ano em que o sol, ao meio-dia, atinge seu ponto mais baixo no céu e tem-se o dia mais curto do ano e a noite mais longa.
O outono é conhecido como a ‘época da colheita’ e, num sentido figurado, é o período da vida que se encaminha para a velhice ─ o outono ou o ocaso da vida!
Segundo o Professor e Mestre Rodolfo Alves Pena, o outono é a estação do ano "onde ocorre uma gradativa redução da luz solar diária ao longo de sua duração, o que provoca a duração menor dos dias em relação às noites. Essa redução na incidência de radiação sobre a superfície provoca, com isso, diversas alterações climáticas e naturais".
E, ainda de acordo com o professor Pena, as principais características do outono são: aumento da incidência de ventos; redução gradativa das temperaturas; maior incidência de nevoeiros pela manhã; diminuição da umidade do ar; em alguns tipos de vegetação, ocorre a queda das folhas para adaptação à mudança de clima e também em razão da diminuição da fotossíntese diante da menor incidência de iluminação solar; no Brasil, ocorre uma queda de temperatura nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Nessa última região (e também nas regiões serranas), podem acontecer algumas geadas e, eventualmente, neve’.
Apesar destas características, na prática, de uns bons tempos pra cá, o Senhor Tempo parece não respeitar os estudos que sobre ele tem feito o Senhor Homem que, há muito tempo, não parece tão senhor de si, assim. E, ao que tudo indica, essa mudança climática é culpa do próprio homem.
Bem, a esta altura da crônica, se tempo é o que não me falta, porém, falta-me espaço nesta coluna para continuá-la. E, não bastasse isso, também a esta altura, você, amigo leitor, deve estar se perguntando: afinal de contas, o quem tem de ver o bendito outono com o título da crônica?
Se você está fazendo esta pergunta a si mesmo, parabéns, querido leitor, pois demonstra ter um ótimo senso de observação e raciocínio lógico! E, de mim, só posso responder: elementar, meu caro leitor, nada!
No entanto, antes que você ─ e com aparente justa razão ─ me exclua como colunista do jornal ROL, devo dizer que em nenhum dos 56 contos ou 4 livros escritos por Sir Arthur Conan Doyle sobre o investigador, Sherlock Holmes diz "Elementar, meu caro Watson!". O detetive de Baker Street diz ‘elementary’ e ‘my dear Watson’ – mas nunca os dois juntos.
A frase apareceu pela primeira vez em 1929 no filme O Retorno de Sherlock Holmes, mas acabou se tornando popular graças ao escritor Edith Meiser, que escreveu a série The New Adventures of Sherlock Holmes, transmitida no Reino Unido pela rádio BBC entre 1939 e 1947.
Agora, como o outono, em tese, é uma estação de temperatura mais amena, que tal aproveitar para, no cantinho preferido de sua casa, ou até mesmo embaixo de uma árvore ainda com algumas folhas, ler alguma das obras de Sir Arthur Conan Doyle?
Garanto que, nas histórias de Sherlock Holmes, nem tudo é tão elementar, assim!