AGOSTO É O MÊS DO DESGOSTO?
Sou de um tempo em que o mês de AGOSTO era tido como complicado, notadamente porque representava o auge do rigor do inverno, acredito. Dizia-se sobre os mais velhos ou mais débeis: Fulano está bem, mas vamos ver se ele vence o mês de agosto. Era o mês do cachorro louco também. Não sei qual a razão, mas era. Nunca mais ouvi falar em cachorro louco, mas já tive dois episódios de 21 doloridas vacinas subcutâneas em cada um deles, justamente nessa época, nos idos tempos. Mês dos febrões e grandes gripes, de ficar em casa, curtindo a lareira e comendo pinhão. Claro, as aulas recomeçavam no início do mês e era dureza de enfrentá-las nas manhãs muito frias, mas tenho boas lembranças e curto os altos e baixos do calendário da estação. “Agosto, o mês do desgosto” tem raízes históricas, mas nada significa realmente. Dizia-se, no mesmo ritmo, “casar em agosto, só traz desgosto”: crendice boba, celebrei minha atual união estável no dia 03 de agosto de 2008. No Brasil, o suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de Jânio Quadros ocorreram em agosto: ambos os fatos geraram caos e conseqüências sérias, mas em outros meses aconteceram coisas bem piores em nossa história. Para quem detesta o inverno, compreendo que exista alguma insatisfação, mas por razões climáticas. Como adoro o frio, ainda que asmático e com muita rinite alérgica, nada a reclamar, exceto quando chove muito. Talvez, ao envelhecer, mude de ideia.