Desapego
Sim. Ainda tenho todas as cartas de amor que recebi no passado. Estão guardadas em ordem cronológica, numa caixa branca, em cima do guarda-roupa, do lado esquerdo, próximo as colchas de cama. Pergunto-me às vezes se já não é hora de separar-me deste passado materializado em papeis e fotos. Também imagino que um dia posso eu querer contar a meus filhos como foi minha adolescência e juventude, e num determinado momento da conversa, sendo a caixa revelada trará de volta certas recordações.
Falando em recordações, é interessante como não consigo reler as cartas sem relembrar de cada momento que as fizeram existir. Às vezes até emociono-me, e decido parar. Um certo medo de ficar preso ao passado.
Algumas pessoas que abordei dizem também guardar pequenas lembranças de suas historias de amor. Outros dizem não ter porque desta ação, e já livraram-se de todas as evidências de seus romances.
Sei que há pessoas que sequer receberam ou entregaram cartas a quem fosse. Para estas, a leitura não serve. Pode parar por aqui então!
Reencontrei um amor destes do passado e ainda tenho dela todas as cartas escritas, foram três. Perguntei a ela se ainda tinha lembranças do que me escrevera quando eram mais próximos. Ela com uma frieza incalculável, apenas sorriu ironicamente e disse:
- Hum... não lembro nem de ter escrito pra você! Nem gosto de escrever mesmo...
Acertou-me com um dardo no meio do coração! Exagero? Pode ser! Mas na hora não percebi ser uma brincadeira, fiquei sem graça, sem palavras, sem ação. Logo em seguida, vendo minha situação, ela carinhosamente retrucou:
- Lembro sim seu bobo! Mas faz tanto tempo, que não sei mais o que escrevi. E você não devia ficar guardando estas coisas... Já se foram!
Despediu-se assim com estas palavras, pegando nos braços sua filhinha de 3 anos e dirigindo-se ao marido que vinha buscá-la. Ela disse não lembrar mais do conteúdo da carta. Eu também não lembro, só relendo para retomar o que se tratava.
Foi ai que perguntei ao meu consciente se devo ou não - devo desfazer-me delas todas. Olho para caixa, e não vejo só papel, vejo um lago de águas tranqüilas, onde borbulham as minhas ex-histórias de amor.
Enviado por Christian Messias em 14/02/2010
Falando em recordações, é interessante como não consigo reler as cartas sem relembrar de cada momento que as fizeram existir. Às vezes até emociono-me, e decido parar. Um certo medo de ficar preso ao passado.
Algumas pessoas que abordei dizem também guardar pequenas lembranças de suas historias de amor. Outros dizem não ter porque desta ação, e já livraram-se de todas as evidências de seus romances.
Sei que há pessoas que sequer receberam ou entregaram cartas a quem fosse. Para estas, a leitura não serve. Pode parar por aqui então!
Reencontrei um amor destes do passado e ainda tenho dela todas as cartas escritas, foram três. Perguntei a ela se ainda tinha lembranças do que me escrevera quando eram mais próximos. Ela com uma frieza incalculável, apenas sorriu ironicamente e disse:
- Hum... não lembro nem de ter escrito pra você! Nem gosto de escrever mesmo...
Acertou-me com um dardo no meio do coração! Exagero? Pode ser! Mas na hora não percebi ser uma brincadeira, fiquei sem graça, sem palavras, sem ação. Logo em seguida, vendo minha situação, ela carinhosamente retrucou:
- Lembro sim seu bobo! Mas faz tanto tempo, que não sei mais o que escrevi. E você não devia ficar guardando estas coisas... Já se foram!
Despediu-se assim com estas palavras, pegando nos braços sua filhinha de 3 anos e dirigindo-se ao marido que vinha buscá-la. Ela disse não lembrar mais do conteúdo da carta. Eu também não lembro, só relendo para retomar o que se tratava.
Foi ai que perguntei ao meu consciente se devo ou não - devo desfazer-me delas todas. Olho para caixa, e não vejo só papel, vejo um lago de águas tranqüilas, onde borbulham as minhas ex-histórias de amor.
Enviado por Christian Messias em 14/02/2010