O BRASIL QUE EU QUERO

A Rede Globo está nesta campanha do “Brasil que eu quero para o futuro”, que tem méritos, mas é cansativa, com tintas artificiais, meio “chovendo no molhado”. O cara diz que quer tudo de bom, mas na hora de votar, vai de Cacareco. Aquele tipo que mora lá em Cacimbinhas do Norte quer políticos honestos, mas não paga IPTU e faz “gato” na ligação de rede elétrica para o seu boteco. O João da Silva diz que espera um país qualificado em educação e saúde, mas bebe um litro de cachaça por dia, incomoda a vizinhança e bate na mulher. Todo esforço para melhorar é válido, mas eu acredito mesmo é nas novíssimas gerações. Não creio muito no pensamento de Rousseau de que o homem é bom, mas a sociedade o perverte. Se o homem fosse tão bom assim não teria sido expulso do paraíso. Acredito que, sem disciplina, quer dizer, sem autoridade e organização, a vaca vai para o brejo. Quero lembrá-los apenas que, no período do catolicismo praticante e prestigiado, havia mais moderação nas diversas formas de manifestação dos apetites, mesmo que fosse imensa a hipocrisia. Vivi um pedaço dessa era e lembro perfeitamente que a religião exercia algum papel importante de freio. Sou agnóstico e não sigo religião nenhuma, apenas suscito um determinado valor de contenção individual, assim como também eram importantes o civismo, o patriotismo e o culto aos valores da família e da urbanidade. Praticamente tudo isto se evaporou. Ou anda assaz rarefeito. A bandidagem, a sem-sem-vergonhice ou a irresponsabilidade sempre existirão. O Brasil não é pior do que a grande maioria dos outros países. Muita gente culta e poderosa não vale nada. Educação, saúde, cultura, segurança e bem-estar econômico sempre foram e serão muito importantes, mas não bastam. O Brasil que eu quero é um país que não seja engolfado pela globalização a qualquer custo, já que ainda usamos suspensório e calças curtas. Não dá pra adotar costumes de rico em meios de parcos recursos e orçamento estourado.