AINDA É CEDO
Ontem, com a família reunida ao ensejo do aniversário de minha nora, meu filho relembrou história a respeito da qual nunca houvera escrito uma crônica. Como é daquelas habitualmente lembradas nos eventos de família, acho que cabe o registro. Estava eu separado não há muito tempo e fui apanhar o filho adolescente para levá-lo a uma destas festinhas típicas da idade. A família residia na casa da Vila Assunção e eu no meu apartamento da Rua Fernando Machado. Creio que era um dia comum de semana, tipo quinta-feira. Cheguei relativamente cedo, jantei, conversamos, todos, bastante. Lá pelas 22 horas, já estava um tanto impaciente com a demora, mas o filho me dizia “ainda é cedo”. Ouvi de novo o “ainda é cedo” mais umas 3 ou 4 vezes, mas já andávamos por volta das 23 e 30 e eu não agüentava mais. Fiquei sabendo, então, que deveria ainda passar na casa de amigo dele para dar carona. Vamos lá, rapidamente, por favor. No meu tempo as festas não iniciavam tão tarde. Confesso que já estava cansado, com sono, o dia tinha sido agitado. Estacionei o carro na frente do edifício em que morava o tal amigo e, seguindo a orientação do filho, buzinei para alertá-lo da nossa chegada. O guri, que devia morar no quarto ou quinto andar do prédio, veio à janela e gritou “estou descendo”. Em virtude da fadiga e do “trauma”, entendi que ele dissera AINDA É CEDO...: tive um acesso de fúria e berrei palavrões pela janela do carro, até que o filho explicasse o mal-entendido, às gargalhadas