Um chá por favor!
Tudo começa com uma prosa. Foi numa dessas prosas que eu ouvi você dizer que gostava de café. Imediatamente me conectei a você. O café me fez pensar em o quanto seria bom sentir o gosto de um beijo após um gole de café fresco numa manhã qualquer da semana. Meses depois pude ter a certeza contínua do quanto eu estava certo. Com o tempo o café, mesmo não sendo fresco, porque as vezes e em alguns lugares ele era requentado, não deixou perder seu sabor, não deixou de fazer do beijo algo especial. E ainda que parecesse que ele podia não ter mais tanta importância, ele sempre teve. Sempre.
Nas manhãs antes do trabalho. Nos encontros do fim do dia. Nos fins de semana. Nas horas repentinas em que o silêncio pedia um bom gole de café. Nas viagens. Mesmo em velórios, dava para se apreciar se o café era bom.
Você deve não lembrar, mas eu disse uma vez olhando nos seus olhos que amava sentir o gosto do café na sua boca, antes de fazer qualquer coisa no dia que estava a nascer. Seu sorriso, seus olhos brilhantes e seu silêncio eram meu instante de paz com gosto e aroma.
E aqui estou eu, na ante-sala de um consultório qualquer provando um chá. Sim um chá! Preciso-me aqui por inteiro, sem distrações. Sem café por hoje. Pois o mesmo tem um gosto de lembranças, que entram pela boca e param no coração.