POIS É, TEM GENTE QUE MERECE

De bom coração e de boa vontade, todos os dias, Maria com uma pontualidade inglesa, duas vezes por dia, antes de ir para o trabalho e após chegar em casa, pega uma sacola imensa de ração e um "canecão" cheio de água para alimentar os infelizes cãezinhos abandonados que vivem na frente de sua casa.

Mal humorado, mal amado ou, simplesmente, mau, o Sr. Jorge, não fazia nada mais na vida além de se levantar às 05:00 da manhã, tomar o seu café e, esperar pelas 08:00, para ir para rua ficar enfiado no boteco, tomando conta da vida alheia. Jorge não gostava de animais e, como todo bom idiota ignorante, achava que ninguém mais deveria gostar. Não é à toa que vivia sozinho.

Incomodado com a bondade e o amor que Maria tinha com os animais, certa manhã, se achando autoridade em determinar o que era ou não perda de tempo, fez um comentário, com tanta coragem, que regulou a altura de sua voz, achando que, nem o Superman, quanto mais Maria ouviria:

- Gente que fica dando comida pra cachorro de rua, não tem mais o que fazer na vida.

Mas Maria, que não veio de Krypton, ouviu e, gentil e doce como sempre, sem mudar a expressão serena e bondosa, mas em alto e bom som, para que todos ao redor ouvissem, faltando apenas fazer os gestos em libras, apenas respondeu:

- Pois é, poderia estar fazendo algo muito mais útil, como ir pra porta do boteco para cuidar da vida alheia como o senhor faz como um profissional competente.

Maria ficou esperando um contra-argumento, mas Jorge, nesse campo levava surra de jumento e, com a maior cara de “traseiro” sem lavar, Jorge nada conseguiu fazer além de murchar a orelha de Dumbo e ir pro boteco, onde, sem saber, de comentarista passou a assunto: “O linguarudo que passou vexame ficou mudo.”

Fabiana Telaroli
Enviado por Fabiana Telaroli em 25/07/2018
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