NADAR DE PONCHO CONTRA A CORRENTE
Antes de qualquer coisa, preciso tranquilizar os amigos de que minhas críticas e queixas são feitas como advogado, em nome de muita gente, ainda que várias coisas também me digam respeito. Mas, aparentemente, estou bem de saúde, tanto quanto fluem normalmente os demais aspectos existenciais. Disse aparentemente bem de saúde, porque esse é um território sempre minado por incertezas no subsolo. Mas, como dizem, “se tá lá, deixa que lá teje”. Com este espírito - pessoal ou impessoal -, quero continuar bradando contra o preço abusivo da garrafa de vinho nos restaurantes, o valor incompatível dos automóveis, a mordida venenosa do Imposto de Renda, o império das grifes e da moda volúvel, a mentalidade consumista forjada pelos grandes interesses empresariais, o ensino fraco e a saúde pública precária. Não vou falar agora de política: tem muito tempo até outubro. Outra coisa: não é possível que os aviões comerciais continuem a oferecer poltronas tão estreitas e desconfortáveis aos passageiros que já pagam “os tubos”. Cortaram as delícias para bebericar e comer, servem um lanchinho de terceira categoria, sem falar na confusão e no desconforto dos aeroportos, onde tudo custa “os olhos da cara” e a única alternativa para o vivente é a passagem executiva ou de primeira. Tem dó. Para uma viagem mais longa, só com anestesia geral. Não vou mais a estádio de futebol, mas acho um atraso a proibição de venda de bebida alcoólica. A galera já se “enfrasca” antes de entrar, o que é pior. Finalmente, que me perdoem os muito modernos, mas sou contra a concepção vigente de construção de vias expressas para tão poucos ciclistas. Tem de haver, naturalmente, um espaço seguro para o ciclista, que merece atenção e respeito, mas radicalizam ao eliminar alguns espaços importantes de estacionamento de veículos, estreitando inutilmente avenidas e ruas. Nosso modelo é ainda o tradicional e não vislumbro medidas fortes, nacionais, realmente estimulantes, no sentido de mudá-lo em curto prazo. As cidades ficam, assim, mais bagunçadas e vários prédios residenciais com difícil acesso. Infelizmente, não somos europeus. E nem criteriosos.