NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS
(José Ribeiro de Oliveira)
(José Ribeiro de Oliveira)
“Nunca antes na história deste País...”. Nunca se ouviu tanto esta frase. E o que ela queria dizer? Pelo jargão presidencial a expressão tentava passar uma mensagem de acontecimentos inusitados, de inovação no mundo real, que compreendia avanços políticos, administrativos, econômicos, sociais, tecnológicos, artísticos, científicos etc., com notória e benéfica mudança na qualidade de vida dos brasileiros e um verdadeiro desencadeamento da modernização do País. Uma bem estudada forma de propaganda da politica virtual, produzida por direitistas afinados com os métodos do clientelismo, do populismo e assistencialismo que sempre estiveram em alta por toda a América Latina. A expressão, que ecoava imprescindivelmente na fala presidencial, em qualquer que fosse a situação, era muito oportuna e conveniente. E penetrava por entre os tímpanos dos brasileiros sedentos, como um elixir de esperanças. Pena ser apenas um blefe do Presidente, que se utilizava de uma conjuntura global na qual foi inserido por sorte, para creditar no seu fazer o que a própria conjuntura mundial fez mover por força de um momento histórico, que na realidade colocava o Brasil numa situação favorecida no contexto economia mundial. Aqui sim, sem precedente na história deste País. E poderia ser bem melhor, não fosse a inabilidade diplomática da corte brasileira em fazer valer o seu potencial junto àqueles com quem disputa o mesmo espaço, e a tibieza do Presidente em curvar-se ao brado autoritário de seus pares, ditos “companheiros”, dentre eles os ditadores da Venezuela e da Bolívia, nos últimos episódios envolvendo interesses brasileiros. Poderia ser bem melhor se o superávit primário, forjado tivesse sido empregado no desenvolvimento da produção interna e no melhoramento da malha viária brasileira, atualmente em estado de abandono, bem como, se saíssem do papel as reformas política e tributária, há muito emperradas por interesses minúsculos, amarrando o crescimento real do país, especialmente quanto à geração de emprego e renda. De concreto e vivenciado por todos os brasileiros, o que podemos dizer, sem sombra de dúvida, é que nunca antes na história deste país, se enganou tanto os brasileiros com políticas virtuais; que nunca na história deste país se praticou tanto o clientelismo e o populismo com programas assistencialistas que encurralam os eleitores menos informados para o funil da conveniência emergente do voto pela sobrevivência; que nunca na história deste país, se roubou tanto o erário público, escandalosamente e a olhos vistos; que nunca antes na história deste país, se viu tanta corrupção e tantos corruptos amontoados num só canto, e pior, atuando em rede e protegidos pela cumplicidade das instituições; que nunca antes na história deste país, os políticos foram tão desacreditados e representaram tão pouco aqueles que o confiaram, na esperança de melhores dias; que nunca antes na história deste país, houve tanta decepção com o parlamento brasileiro, profundamente contaminado de vícios e condutas desviantes, especialmente pela corrupção; que nunca antes na história deste país, se viu tamanha crise de autoridade, deixando a sociedade nos braços da sorte e do salve-se quem puder; que nunca antes na história deste país, se viveu em meio a tanta violência e sem perspectiva de reversão dessa epidemia, face à inércia, a incompetência e a corrupção dos agentes políticos; que nunca antes na história deste país, a educação foi tão preterida pelos governos, mesmo constando no texto da Constituição de 1988 como um dos deveres primários e prioritários dentre as políticas públicas; que nunca antes na história deste país, nos vimos tão abandonados pelo Poder Público, que passou a ver fim em si mesmo e permitir que seus agentes tenham vontade própria, coincidentemente, sempre divergente da vontade do povo. Em fim, o que se vê e o que se sente é que nunca antes na história deste país, houve tanto desprezo à Ética e à Moral, à honestidade, tornando as instituições desgastadas e fragilizado o ordenamento jurídico vigente; que nunca antes na história deste país o Poder foi tão podre assim! E ante o exposto, nunca antes neste país, se viu tamanha necessidade de que os brasileiros se unam para estabelecer, conscientemente, os valores que querem defender e os critérios de escolha dos seus governantes as condutas a serem praticadas. O BRASIL JAMAIS MUDARÁ DE CIMA PARA BAIXO. Não há, atualmente (e historicamente), na mente da maioria absoluta dos sujeitos que ingressam na política brasileira, qualquer intensão de servir ao país. Ao contrário, são patrocinados por grupos econômicos e só a eles servem. Nenhum ato político tem sido praticado, ao longo da história deste país, que tenha na essência, o interesse público, e se algum benefício alcança o cidadão, é por respingo. O Poder político brasileiro está umbilicalmente vinculado ao poder econômico, ou seja, quem tem um, tem o outro, quem perde um, perde o outro. Independentemente de crises, os políticos são sempre prósperos em seus negócios, em suas empresas, vez que o capital é inesgotável, é o erário público ou a negociação da fatia de poder, que o subsidia. É urgente a necessidade de elegermos compromissos, projetos e não pessoas. É essencial que se impeça a profissionalização na política. É primordial que o eleitor mude seus critérios de escolha. É imprescindível que sejamos mais atentos à política e às suas peculiaridades, ou seja, precisamos nos politizar, para aprendermos a votar. A honestidade precisa ser um elemento natural e não uma qualidade posta em jogo. A capacidade, a experiência, a vontade, o compromisso e as ideias podem sim, se por na mesa, mas a honestidade não. OLHEMOS, POIS, POR ESSE PRISMA E TEREMOS MELHOR DESTINO.