COMO OS ABONADOS CURTEM

Não fico nada confortável em longas viagens de avião, especialmente tendo de fazer escalas. Chatice da idade, com certeza, e tendo em conta meu jeito de ser. Qualquer ônibus de excursão é melhor do que viajar como sardinha em lata na categoria econômica de avião. Se você tem o azar de pegar um banco à frente da saída de emergência, como já tive, não dá nem para reclinar o banco: por sorte, consegui trocar, mas, estivesse o vôo cheio, impossível seria. Adoro viajar, mas este obstáculo do desconforto é grave. Agora em fevereiro, quando estive no Peru, Lima, e em Cuba, pude afortunadamente experimentar aquilo que os mais abonados têm por rotina de viagem: a primeira classe. Claro que, na cabeça, sabia bem como a coisa fluía, mas nunca tinha vivenciado pessoalmente toda a pujança do conforto. Não, não paguei um pila a mais e nem ganhei na loto. Não sei o que houve, mas, quando já estava para embarcar, um funcionário da AVIANCA me disse e confesso que não entendi muito bem: o senhor e sua esposa vão na primeira classe. Foi o máximo de explicação que recebi e nem fiz muita questão de investigar. Só sei que entrei no aparelho e sentei-me em confortabilíssimo assento, logo me serviram bebida e deliciosos salgadinhos, enquanto o povo ainda procurava seu espaço de acotovelamento na “geral”. A refeição era diferenciada, apetitosa, sempre com muita atenção dos comissários de bordo. Tão bom que eu nem gostei muito, pois só duraria até Lima, com certeza. Viagem relaxante. Na chegada, quando ensaiei movimentos para dirigir-me à esteira onde se debatem as valises enquanto a gente espera em estado de tensão, surgiu um trabalhador com as malas já acomodadas em um carrinho, com etiquetas de “prioritário”, perguntando-me se eu era eu mesmo. Sim, quase abracei o sujeito. Bem, meus amigos, agora é tarde, não dá mais para tentar ser rico, o que, para outras coisas, acredito nem ser tão bom. Agora, francamente, para viajar desta forma, vale a pena.