UMA PITADA POLÍTICA

O Brasil é um país complicado, com muitas contradições e desigualdades. Criticamos com veemência isto ou aquilo. Para alguns, ninguém presta, as instituições estão todas falidas; para outros, tudo vai ficar bem se colocar o Manuel ou o Joaquim na Presidência da República. Para uma parte assaz expressiva da população, importa apenas a luta do dia a dia - a sobrevivência - desconhecem exatamente as instituições, tem uma noção muito superficial e vaga de quem seja tanto Manuel quanto Joaquim, mas vai, com seu voto, decidir o futuro do país. O prestígio do Temer é ridículo, mas se pudesse conceder um aumento de 20% no valor da bolsa-família e no salário mínimo daria um salto na “Escala Richter”. Não moro no Rio de Janeiro, um importante centro político e cultural do país, mas é possível que, por lá, na eleição para Governador, o Romário faça um gol de bicicleta. Nada contra, foi meu ídolo na Copa de 94. Mas tudo isto não é privilégio nosso. Winston Churchill, herói da resistência do mundo democrático ocidental na Segunda Guerra Mundial, de que foi bravo líder a partir do Reino Unido, tão logo findou o conflito, em 1945, perdeu as eleições parlamentares e foi temporariamente apeado do Poder. Aqui no Brasil, muito pouca gente conhecia o Collor de Mello, a não ser nas Alagoas. Resolveu ser candidato à Presidente da República por um Partido de araque. Quando, nos primórdios de sua campanha, com baixíssimos índices de popularidade, viajou a Porto Alegre para visitar uma poderosa empresa de radiodifusão e televisão e dar entrevistas, foi muito cordialmente recebido, é lógico, mas saiu do prédio da Diretoria para comparecer aos estúdios da Rádio, sem qualquer cortejo, salvo minha companhia, já que lá eu trabalhava. O mundo da política é surpreendente, até para os povos cultos e desenvolvidos. Nem preciso me estender a respeito, não é?