A Fita Adesiva

Da série: PARÔNIMOS NOSSOS DE CADA DIA.

(Não quero esmolas, apenas uns trocadilhos)

A Fita Adesiva

Imagine uma localidade bem atrasada, na pré-história da sociedade capitalista. Esta era a Paleolítica, cidade esquecida pelo progresso. Para se ter uma ideia, basta dizer que as pessoas colavam as coisas com o cuspe, ou com borracha queimada.

Até que um dia qualquer, eis que chega de terras distantes, bem distantes, Godofredo, um vendedor de quinquilharias. Apresentou-se e apresentou a todos os Homo Erectus seu portfólio de produtos de “última geração”. Parecia a reedição do desembarque dos portugueses em terras brasileiras lá pelos idos de 1.500, tamanha a quantidade de quimbembes, berloques, penduricalhos, balangandãs e similares. Foi uma barafunda sem igual. Todos queriam levar alguma coisa sofisticada ou importada, ainda que fosse “Made in Nova Iorque do Maranhão”. O ladino vendedor, exultante, conseguiu vender tudo e ainda distribuiu alguns brindes. Porém, o que mais chamou a atenção foi uma fita adesiva que colava dos dois lados. Toda a população se interessou pelo inusitado artigo e queriam obtê-lo a qualquer preço, literalmente. Godofredo, sempre solícito e simpático, como não dispunha de mais nenhum exemplar do concorrido produto, prometeu retornar brevemente trazendo uma miríade desta fita, de modo que todos pudessem obter pelo menos 1 unidade.

Em poucos dias, o alabama regressou com o prometido item, em profusão, obviamente. Nova algazarra se formou. Estranhamente o antes gentil e afetuoso caixeiro-viajante, distribuidor de brindes e rapapés, agora se mostrava impaciente, descortês, completamente grosseiro. Era visível a mudança da sua personalidade. O que teria acontecido? Apesar do comportamento hostil e do preço por algumas vezes multiplicado, o povo, apedeuto, comprou todo o estoque do homem. Este rapidamente recolheu toda a féria e bateu em retirada. O poviléu, embora magoado, preferiu contemplar a fita mágica. No entanto, quando um dos hominídeos perguntou como se chamava o singular artefato, ninguém, naturalmente, soube responder. Passados minutos de verdadeiro estágio de anomia, um dos moradores sugeriu:

- Por que não escolhemos um nome em homenagem ao vendedor?

Todos concordaram e passaram a chamar a fita de dupla face.

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© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 14/06/2018
Reeditado em 25/06/2018
Código do texto: T6364296
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