A VIRTUDE ESTÁ NO MEIO

O mundo, do ponto de vista social, está ficando complicado. Se de um lado, aumenta a campanha e a rigidez de normas relativas à venda e ao consumo do cigarro, que sempre foi uma droga LÍCITA, existe uma tendência à liberação da maconha ou, no mínimo, a sua maior tolerância. É um pequeno exemplo. Com relação ao sexo, a despeito dos investimentos em publicidade e educação, não vislumbro mudança substancial no uso efetivo da “camisinha”. Melhorou um pouco, mas tem ainda muito furo. A mídia, nem por isto censurável, trata dos costumes como se vivêssemos realmente no primeiro mundo (ou no segundo). Por razões ora econômicas, ora culturais, muitas famílias e escolas não conseguem apoiar devidamente os pequenos e os jovens, que ficam ao sopro dos ventos. As políticas públicas são lamentáveis, seguidamente. Sempre fui ensinado a respeitar a mulher, tenho irmã e filha, afinal. Acho mesmo que era necessária uma boa campanha de conscientização a respeito, mas a questão do assédio e do assim chamado “estupro” nas sociedades mais desenvolvidas está “virando o fio”. Sim, nada de constranger a mulher ou de desrespeitar um “não” feminino, por mais débil que ele seja, mas não se pode chegar ao cúmulo de requerer permissão formal, escrita e carimbada para os proverbiais galanteios e tentativas de conquista direcionados à mulher maior de idade, num ambiente adequado. Se “roubar um beijinho” da mulher paquerada e faceira (não, obviamente, de qualquer uma) pode eventualmente dar cadeia alhures, então, realmente, o predomínio da heterossexualidade está nos seus estertores. A arte da conquista é secular e nada tem a ver com o assédio grotesco. Os novos tempos consagraram o respeito à diversidade sexual, vivemos o apogeu da liberdade do indivíduo, mas uma coisa é compreender e desenvolver um convívio saudável com todos, sem preconceito, outra é pretender a imposição de um modo de ser formal, padronizado e anêmico. O que me parece importante mesmo é combater a violência: contra a mulher, contra os homossexuais, contra as crianças e os animais. Esta é a grande luta de costumes que enfrentamos, de correção de comportamentos grosseiros, especialmente nos países menos desenvolvidos, onde o problema é bem mais grave. Neste aspecto, não há como negar que a bebida alcoólica oferece grande teor contributivo ao destempero, mais do que qualquer outra droga, mas é impossível, improfícuo, combater radicalmente o consumo do álcool, exceto aquele abusivo em todo e qualquer espaço. O que tentaram nos USA (Lei Seca) foi danoso e veio abaixo. Sou bem favorável, por exemplo, a restrições para conduzir veículos, mas creio que nossa “lei seca” é demasiadamente rigorosa e vocês sabem: “hecha la ley, hecha la trampa”. E os mais perigosos não querem nem saber, vivem à margem da lei. Não concordo com a restrição de venda de bebidas dentro de estádios de futebol, pois a galera se embebeda antes. Demandaria mais vigilância, com certeza, mas os clubes não querem pagar para tanto. Enfim, o que pretendo defender aqui é a lição preciosa do filósofo grego Aristóteles: VIRTUS IN MEDIUM EST, que está na raiz do conhecido adágio: "nem tanto ao mar nem tanto à terra". Vale para todas as coisas.