STRIP-TEASE
O sujeito muito conhecido, com cinco mil seguidores no FACEBOOK, informa que comprou um novo par de alpargatas, vai angariar cerca de quinhentas curtidas. O desconhecido lá de Fernando de Noronha, que não chega a congregar cem amigos, diz que está com sono, vai obter umas três ou quatro curtidas. Mas o leitor, que não curtiu nem o festejado e nem o anônimo, terá lido as duas inutilidades. Nenhum problema nisto: os grandes jornais dão notícia de que o jovem Bruno Alberto da novela das sete foi almoçar com a bela Matilde Juçara da novela das oito e muita gente lê e comenta. Vivemos a era do extravasamento, do desabafo, do strip-tease interior. A pessoa fala o que quer, o que pensa, certo ou errado, e parece que fica mais aliviada. Tudo certo, salve a modernidade, mas a respeito de certos temas é preciso muito cuidado, conhecimento e responsabilidade para comentar mundo afora. Seja onde for, a palavra escrita é indelével. Ademais, é necessário um mínimo de respeito ao leitor, já que seria ilusório supor que todos são bem informados sobre tudo. Nada contra quem sustenta posições estapafúrdias, mas que o faça com algum tipo de fundamento e sinceridade. Eu não acredito mais, infelizmente, em Papai Noel, mas se você crê, que aja com a correção possível na sustentação da crença. Não acredito em discos voadores e acho que não há dúvida de que o homem foi à lua, mas não vou deixar de ser seu amigo se pensar o contrário. O mundo está cheio de teorias da conspiração e das chamadas “lendas urbanas”, afinal, “o que é do gosto, regala a vida”. Não vou criticá-lo só por que acredita no ET de Varginha ou em lobisomem, logo eu que tanto curti o seriado “Walking Dead”. Só não fica tentando me convencer. Creio que minhas fantasias são mais interessantes. E para retomar a questão de leitura de textos ou de curtidas, fico muito contente quando amigos que nunca se manifestam no Face comentam o que escrevo e me surpreendem.