BRASIL E SEUS ÚLTIMOS PRESIDENTES

Tentarei colocar-me acima de paixões e ideologias e fazer alguns comentários breves sobre o que acho do papel desempenhado pelos políticos mais importantes da nossa história recente, por seus altos cargos. Se quiserem ler, façam-no com espírito desarmado. Não usarei adjetivos pejorativos ou desabonatórios para que a análise seja - do meu ponto de vista - a mais isenta e objetiva possível. Acho que isto é importante, mesmo que a hora seja de passionalidade e intolerância. Começo com o Fernando Henrique Cardoso, que fez um bom primeiro governo e perdeu-se no segundo mandato, como sói acontecer. O plano REAL foi uma dentro e merece especial registro, desde o Governo Itamar. Em vista de seu forte desgaste, seu candidato foi atropelado por Luís Inácio Lula da Silva, que foi, indiscutivelmente, um grande líder popular. A despeito da imensa desconfiança inicial do empresariado, Lula fez um bom primeiro governo e soube enfrentar as adversidades, tanto que se reelegeu com tranqüilidade para um segundo mandato. Aí começou o problema todo. Quero também assinalar que a reeleição é uma questão assaz delicada no Brasil. O Presidente passa boa parte do mandato fazendo demagogia para reeleger-se, inclusive realizando pouco recomendáveis negociações políticas, empresariais e parlamentares. De qualquer modo, Lula terminou o governo com prestígio, tanto que conseguiu eleger quem nunca fora nem Vereador, Dilma Rousseff, com fama de boa gestora, pois consta ter sido uma executiva enérgica. Seja como for, ela venceu a eleição. Fez um governo razoável e mantinha o controle da situação. Qual o grande escopo de Dilma, a partir do segundo mandato, que conseguiu conquistar? A eleição novamente de Lula ou de outro companheiro de partido político. É preciso assinalar que isto é bem típico do presidencialismo, notadamente no Brasil, como também aconteceu com Fernando Henrique e Lula. Só que as ações governamentais demagógicas, populistas, para a preservação do governo, já, agora, defrontaram-se, no curso da nova gestão, com um panorama econômico internacional bem mais complicado, cujo resultado cobraria alto preço em curto prazo. Ademais, a pouca habilidade política da Presidente nos esquemas e articulações congressuais agravaram rudemente o quadro. Sem o carisma do antecessor, naufragou. Vejam bem que não falei mal de ninguém, não ataquei e nem entrei em aspectos jurídico-institucionais, tem gente demais fazendo isto. A Presidente sofreu impeachment e, nos termos constitucionais, assumiu seu Vice-Presidente Temer, hoje na reta final, virando-se mais do que “bolacha em boca de velho”. Sofre bastante pela circunstância de não ter sido eleito diretamente Presidente. Muito pior quando se podia eleger Presidente de um partido e Vice de outro totalmente oposto, casos de Jânio Quadros (UDN) e de João Goulart (PTB). Eis, enfim, os fatos objetivos e, como dizem, o futuro a Deus pertence.