COM QUE ROUPA EU VOU?

Não sou radical, portanto, cada um se veste como quer ou como pode. Nem preciso dizer que sou tri popular no meu vestir diário, bermuda ou calça de brim, chinelo de dedo e camiseta, mas ando aqui pelo bairro, estou aposentado e sem compromissos sociais relevantes, ordinariamente. Agora, sempre me pareceu que, para freqüentar um L’Opéra de Paris ou um Scala de Milão, assim como um Señor Tango em Buenos Aires - sem querer comparar o nível das Casas - seria de bom proceder litúrgico e respeito, jamais comparecer de calça de brim ou tênis. Sou um dinossauro, a massificação do turismo atropelou os “bons costumes”, notadamente para os homens e a elegância veio abaixo. Até 2004, em viagens americanas ou européias, eu levava sempre terno, camisa social e gravata. Conforme comentei em minha foto de capa no Facebook, tirada em janeiro de 2004, há quase 15 anos, nunca mais. Tinha ido outras vezes, em anos anteriores, a casas de espetáculo daquele naipe e sempre vestira terno e gravata. Em 2004, eu era, pelo que pude observar, o único naquele amplo ambiente tangueiro com traje social, a turistada se fazia presente com o guarda-roupa mais esdrúxulo e descontraído. E olha que sou um cara bastante simples no vestir. Mas, honestamente, respeitando a diversidade, acho que certos locais demandam alguma formalidade, sobretudo em respeito à arte. É claro que não tem cabimento ir de traje social a uma casa de samba, mas ópera, orquestra sinfônica, tango são gêneros que merecem um mínimo de elegância. Possivelmente vá a um jantar de empresários aqui em Porto Alegre em que se demanda terno e gravata - isto, sim, poderia eventualmente ser exagerado, não um espetáculo artístico menos popular. Mas tudo mudou e eu, depois da experiência de 2004 – em que o “errado” era eu – também aderi à onda, que é mais barata, alivia o peso da mala e nos deixa à vontade para ir ao terreiro do pai de santo ou à missa solene do Papa. Pena.