O Dizer Das Flores
O Dizer Das Flores
As flores são seres naturalmente silentes.
Nada falam. Mas, dizem muito.
Não existe algo que me remeta mais à minha infância do que flores.
Minha casa era repleta delas.
Todas as manhãs, sentia-se minh’alma docemente invadida pelo intenso misturar-se das fragrâncias das dálias, das margaridas, das rosas e mesmo das flores da laranjeira, do limoeiro e da jabuticabeira.
Meu ser se embriagava com tamanha riqueza de perfumes.
Punha-me em êxtase sem saber o que tal palavra significava.
Desde minha mais tenra infância, sustento comigo os hábitos de acordar cedo e de me levantar assim que desperto.
Quando eu era criança, de manhã, bem cedinho, minha mãe costumava levar-me a passear pelo quintal de carriola.
Naqueles passeios que, à época, tão longos pareciam, meu íntimo se entregava a uma porsão de inebriantes sensações.
Sensações que, mesmo com o transcorrer das décadas, trago vivas em minha memória e que considero o ponto inicial da jornada que a Existência me fez empreender como escritor.
Meu corpo se deixava conduzir e embalar pelo manso ritmo do vento que sacudia as folhas do coqueiro.
Meus ouvidos inebriavam-se ante o Hino à Vida entoado pelos pássaros.
Nús, meus pés se deliciavam, gozando a doce carícia da terra livre.
Abraçada pelo revigorante contato com a relva, minha pele sentia, em cada poro, o fluir essencial e inestancável da Vida.
Com as flores, aprendi a orar, contemplando as silenciosas formas do existir.
Com os pássaros, seus companheiros, aprendi a me inspirar e a bendizer cantando a indescritível Graça que é viver.
Com a relva, sua irmã, aprendi a enxergar, pelos poros da pele, as coisas e os seres que a meus olhos jamais fora dado ver.
Hebane Lucácius
ENCANTADORA INTERAÇÃO DA QUERIDA AMIGA, BRILHANTE MESTRA E INSIGNE ESCRITORA ESTHER LESSA
MANHÃS DE VIDA !
Pássaros que me acariciavam os ouvidos,
Explosão de aromas me embriagando,
Terra e relva ao meu toque... êxtase sentido!
Manhãs que traziam Vida inebriando!
Assim meu ser-menino despertava...
Enxergando ia com os poros e o sentir,
A Natureza viva me deliciava,
E a orar , com silentes flores aprendi!
Com os pássaros cantores...
Com a relva e a terra benfazejas...
Com as formas das silenciosas flores delicadas...
Inspiro-me sempre e sonho cores...
Bendigo a Vida e suas belezas,
E agradeço A Deus, de viver A Graça DADA!