(Imagem do Google)
Abastados
Gosto do meu bairro, é de fácil acesso a inúmeras vias da cidade, o que não me causa transtorno algum, pois gosto muito de andar a pé, na época dos ipês então nem se fala, BH torna-se mais bela com seus galhos multicores!
Todas as manhãs levo café quentinho ,ora pão com manteiga , ora quitandas, ou o que tiver para o Sô Tião, morador de uma comunidade de Belo Horizonte, homem com seus 55 anos, com aparência sexagenária, marcada pela fome, pelos conflitos e filharada. Os nomes de meus filhos que têm um grande afeto por ele, estão guardados em suas algibeiras para não esquecer das preces dominicais a toda família oferecida.
Segundo ele diz, é guardador de carros de uma outra comunidade, uma universidade vizinha. Conforme pesquisa elaborada por um conhecido, grande maioria dos alunos desta universidade pertencem às classes mais abastadas, concretiza-se a pesquisa nos carrões estacionados, vestimentas de grife, principalmente das alunas. A falta de educação é tamanha também, se você caminhar nesse momento pelas ruas próximas ao Estabelecimento Superior de Ensino, , verá uma imundície , carros parados um ao lado do outro, dificultando a sua passagem, ocupam as calçadas, sem nenhum constrangimento, ignorando sua presença.
Hoje deparei-me com um duelo de invejar o mais primitivo dos greco - romanos. A moça elegante, cútis francesa, pensa em estacionar e o espertalhão passa a sua frente e ocupa "sua vaga." Desce do carro, caminhando tranquilamente para a Facul, como eles dizem. Continuo minha conversa com Sô Tião, ele com camisa do Galo, sorrindo, falando sobre o jogo de domingo, sabendo da minha preferência estrelada e eis que caminha em nossa direção a moça que há pouco queria estacionar. Com olhar de fúria , tira seu sapatinho de solado vermelho do pé e com o salto Luís XV , arranha a lataria daquele que estaria ocupando “a sua vaga.”
Começam a aparecer os tais curiosos, despeço-me do Sô Tião, desvio minha rota de caminhada, da Avenida Bandeirantes para Rua Ceará, esquina com Afonso Pena e Getúlio Vargas.
O dentista estava à minha espera. A educação do Sô Tião é de dar inveja a qualquer um desses abastados ou abestados?
Não me perguntem o desfecho desse fato, cheguei em casa, cuidei dos meus afazeres e fui degustar as ternas páginas de Mário Quintana , lendo este e outros poemas:
"Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti..."
Todas as manhãs levo café quentinho ,ora pão com manteiga , ora quitandas, ou o que tiver para o Sô Tião, morador de uma comunidade de Belo Horizonte, homem com seus 55 anos, com aparência sexagenária, marcada pela fome, pelos conflitos e filharada. Os nomes de meus filhos que têm um grande afeto por ele, estão guardados em suas algibeiras para não esquecer das preces dominicais a toda família oferecida.
Segundo ele diz, é guardador de carros de uma outra comunidade, uma universidade vizinha. Conforme pesquisa elaborada por um conhecido, grande maioria dos alunos desta universidade pertencem às classes mais abastadas, concretiza-se a pesquisa nos carrões estacionados, vestimentas de grife, principalmente das alunas. A falta de educação é tamanha também, se você caminhar nesse momento pelas ruas próximas ao Estabelecimento Superior de Ensino, , verá uma imundície , carros parados um ao lado do outro, dificultando a sua passagem, ocupam as calçadas, sem nenhum constrangimento, ignorando sua presença.
Hoje deparei-me com um duelo de invejar o mais primitivo dos greco - romanos. A moça elegante, cútis francesa, pensa em estacionar e o espertalhão passa a sua frente e ocupa "sua vaga." Desce do carro, caminhando tranquilamente para a Facul, como eles dizem. Continuo minha conversa com Sô Tião, ele com camisa do Galo, sorrindo, falando sobre o jogo de domingo, sabendo da minha preferência estrelada e eis que caminha em nossa direção a moça que há pouco queria estacionar. Com olhar de fúria , tira seu sapatinho de solado vermelho do pé e com o salto Luís XV , arranha a lataria daquele que estaria ocupando “a sua vaga.”
Começam a aparecer os tais curiosos, despeço-me do Sô Tião, desvio minha rota de caminhada, da Avenida Bandeirantes para Rua Ceará, esquina com Afonso Pena e Getúlio Vargas.
O dentista estava à minha espera. A educação do Sô Tião é de dar inveja a qualquer um desses abastados ou abestados?
Não me perguntem o desfecho desse fato, cheguei em casa, cuidei dos meus afazeres e fui degustar as ternas páginas de Mário Quintana , lendo este e outros poemas:
"Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti..."
(Imagem do Google)
P.S. As imagens do Google são do Edifício Niemeyer situado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. O prédio, em estilo moderno, possui curvas sinuosas que remetem às linhas das Serras mineiras. Foi projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, que nos deixou em 2012, aos 104 anos, esse sim, um abastado no sentido mais belo e amplo da palavra.
P.S. As imagens do Google são do Edifício Niemeyer situado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. O prédio, em estilo moderno, possui curvas sinuosas que remetem às linhas das Serras mineiras. Foi projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, que nos deixou em 2012, aos 104 anos, esse sim, um abastado no sentido mais belo e amplo da palavra.