EM GUERRA CONTRA OS MOSQUITOS

Quando era Coordenador da Coordenadoria de Assistência Técnico-Administrativa aos Municípios – COATAM, lá por 1973, possivelmente antes do nascimento de meu filho Tiago, que é de 28 de setembro, tive de ir a TRAMANDAÍ, creio que em abril ou maio para uma reunião com Prefeito e Câmara de Vereadores. Esse órgão, importante à época, não existe mais há muitos anos. Fomos apenas eu e o motorista. Ficamos num hotel singelo, logo depois da ponte do Imbé. A reunião seria no outro dia, cedo, pela manhã. Jantamos e cada um foi para seu quarto. Li um pouco e apaguei a luz para embalar o sono. O barulho e as picadas de esquadrilhas ferozes de mosquitos não me deram qualquer chance. Bom, vocês lembram, creio: meu primeiro emprego foi no Departamento Estadual de Saúde, onde hoje fica o célebre FORTE APACHE, e meu contrato ocorreu dentro da verba da CAMPANHA DE COMBATE AO CÚLEX, percebendo um gordo salário mínimo, aos 18 anos. Portanto, expertise eu tinha. Não é força de expressão neste caso: passei o tempo inteiro em mortal combate contra os assanhados mosquitos daquela noite quente, úmida e abafada. Com toalha de banho molhada, ataquei paredes e o teto infestados. Um inferno, nunca tinha visto nada igual, que durou muito tempo, no mínimo, até perto das 4 horas da madrugada. Por ocasião do café da manhã, fiquei sabendo que o motorista não aguentara o assédio feroz e fora dormir no carro oficial. Acho que eu errei, permanecendo no quarto, pois aceitei o desafio e quis provar toda a minha manha neste tipo de conflito. Matei praticamente todos os malditos mosquitos, mas tive, depois, de cumprir as missões públicas "no bagaço". Teria sido mais inteligente viajar daqui bem cedinho, evitando um hotel mixuruca (creio que não havia melhores) e as sequelas de pugnas furiosas, com "Vitória de Pirro". Muitas moscas, mosquitos, micuins e formiguinhas minúsculas de gramado são inimigos, especialmente para os alérgicos como eu, mas finjo que está tudo bem. Não curto, mas não me abalam baratas ou aranhas. Bruxas avantajadas incomodam um pouquinho, mas morcegos são o meu trauma. O verão, recentemente agradável em março de 2020, inevitavelmente suscita lembranças sombrias e nos mantém atentos à realidade tropical instável.