UM ESCRITOR AMADOR

A minha principal atividade, hoje, é de escritor amador. Por que me classifico como “amador”? Não é porque não venda como Paulo Coelho e não dependa de vendas para sobreviver. Esta seria uma questão eminentemente comercial, que vale, aliás, para amadores e profissionais. Também não é porque não tenha coluna em jornal, pois houve e há colunistas que nunca foram escritores, independentemente de sua alta qualidade jornalística. Não sei se existe resposta certa, oficial, para que alguém seja ou não considerado escritor, mas o meu critério é muito simples. Utilizo o método comparativo. Para ficarmos por aqui mesmo, até em família, escritor, a meu juízo, é o primo Sérgio Faraco. Outros primos e tio Fábio também o são, mas Sérgio é o esmero, a perfeição do acabamento do texto, a grandeza literária testada ao longo dos anos. É inacreditável que, segundo me consta, nunca tenha sido Patrono da nossa Feira do Livro, fato que atesta nosso provincianismo, sem qualquer demérito aos ilustres que já foram escolhidos para tanto. Sei que tenho bons textos, sou razoável, mas não me preocupo em lapidar o diamante. Meu cacoete talvez se aproxime da produção jornalística, não sei, e, sinceramente, não estou muito interessado em sabê-lo. Optei definitivamente pela internet e tudo por aqui é mais rápido, imediato, sujeito a chuvas e trovoadas. Está mais do que bom, não tenho qualquer pretensão de iniciar carreira ou faturar. Como escrevo, sou, é claro, escritor, mas prefiro dizer que sou escritor de internet ou, então, amador, até para que não pensem que alimento pretensões além deste meu patamar interativo e singelo.