CUSTA FALAR CORRETAMENTE?

Existe o hábito de exaltar A ou B por bem falar este ou aquele idioma. Tudo merece apreço e atenção, é claro, mas o domínio de nossa língua é muito mais importante. Afinal, não falamos o dialeto de uma pequena tribo africana. Li, há pouco tempo, em grande jornal de São Paulo, que a língua portuguesa seria a 7° mais falada no mundo - quando já li, em outras publicações, que seria a 5° - com cerca de 280.000.000 de falantes. Seja como for, as proporções enaltecem a necessidade de bem a conhecer e utilizar, na pior das hipóteses porque é a nossa. Então, mais grave do que desconhecimento ou vacilos em língua estrangeira, é o atentado constante ao vernáculo pátrio. Beleza que você fala várias línguas, mas, por favor, não diga jamais que “houveram” oportunidades não aproveitadas para o correto exercício da língua nativa e que, portanto, “ pra MIM fazer sempre bom uso do vernáculo...” Não “seje” idiota e para de falar “mixórnia”, que dói muito, ou “misancé” - que não existe, a não ser “mise-en-scène”, um estrangeirismo. Felizmente, ninguém mais fala nas "taubas das parteleiras dos almários" da casa, como já ouvi, mas se faz muito calor e você está "soando" muito, fica mais adequado subir ao campanário da Igreja e lá permanecer até passar. Não digam nunca que os ideais de vocês vêm "de encontro" às aspirações nacionais: é preferível, então, mudar de país para evitar o conflito. Acho que autoridades de qualquer Poder deveriam ser processadas por determinadas agressões brutais e funcionários públicos ou empregados sumariamente demitidos. No mais, leitura, dicionário, atenção e interesse cultural. Não é preciso ser um Machado de Assis, todo mundo tem algum vício de linguagem, alguns lapsos acontecem, não é hipótese de intolerância. O uso do computador é às vezes também traiçoeiro. Mas vamos deixar que os russos falem russo e que a gente se entenda naquela língua aprendida no colégio, desde o "IVO VÊ A UVA", do meu tempo de alfabetização. Vossas Senhorias são - e não "sois" - suficientemente preparadas, mas, é oportuno assinalar, certas expressões, inclusive da mídia, são realmente desalentadoras. O Inglês, o Francês, o Espanhol, o Italiano pode-se falar como índio, acaba dando certo, mas a língua nativa merece mais capricho. O Mandarim fica para mais tarde.