Às Vezes, Faz Bem
Às Vezes, Faz Bem...
Às vezes, faz bem ficar nú. Animicamente, nú. Atirar para longe as capas, as máscaras e os vernizes com que se costuma cobrir constantemente a alma.
Às vezes, faz bem deixar-se abraçar pelo vento, depurar pelas águas, conduzir pelos pássaros e inspirar pela vida.
Às vezes, faz bem parar e observar com serenidade as inscrições impressas sobre si pela caligrafia do tempo.
Às vezes, faz bem mirar-se no espelho dos dias e ver refletido, com fidelidade e clareza, cada traço do próprio íntimo.
Às vezes, faz bem abaixar o volume e ouvir a voz da consciência.
Às vezes, faz bem estar em silêncio e volver a atenção aos ensinamentos que a Natureza jamais deixa de transmitir.
Às vezes, faz bem ser, sentir e sonhar com a mesma intensidade com que se era, se sentia e se sonhava nos primórdios da existência.
Às vezes, faz bem ser feliz. Desarmada e simplesmente, feliz.
Hebane Lucácius