COMO PERDER A CLIENTELA

Há um abuso de intimidade nas drogarias, quando ficam fora do alcance direto da clientela certos produtos cujo pedido ao balconista causa constrangimento. Isso força uma cumplicidade - ainda que breve - que geralmente o freguês não quer ver estabelecida entre ele e a pessoa que está do outro lado do balcão.

Preservativos, por exemplo, não deveriam ficar trancados em vitrines, fazendo com que as pessoas se ruborizem ao pedir: "Por favor, me dê uma camisinha". "De qual, amigo? Temos esta, lubrificada, mais esta, com cheirinho de morango, e esta aqui é importada, superconfortável; entra que é uma beleza". O sujeito coça a cabeça, olha pro seu quase confidente como quem é flagrado numa situação vexatória, e muitas vezes parte calado sem levar o produto quase secreto.

A intimidade máxima entre o comprador de camisinha, a compradora de absorvente entre outros, e o balconista, deve ser a seguinte: O cliente entra, escolhe o produto no expositor, já com preço às claras e o leva até o balcão. O atendente acolhe a mercadoria, embrulha e a restitui após receber o dinheiro. Devolve o troco se houver, agradece e pronto. Nada de perguntas e respostas desnecessárias, como se ambos fossem colegas de longas datas.

Há um grande número de comerciantes obtusos, que perdem freguesia por lhes faltar visão dessas questões. Outro exemplo disto são aqueles que não põem preços à mostra. Quem quer comprar várias mercadorias, mas primeiro quer saber quanto custam, não se dispõe a perguntar o preço de cada uma. Prefere procurar uma loja que respeite mais o consumidor, não impondo arapucas como a de fazê-lo achar que incomodou o atendente e por isso deve comprar com ele, ainda que tudo esteja - e nestes casos sempre está - muito caro.

Essas e outras situações são constrangedoras, e cliente que sofre uma saia justa costuma não retornar. É assim que muitos vão à falência e não entendem o porquê...

Principalmente quando são estabelecidos em pontos de grande movimento e vêem seus vendedores ganindo à cata de uma "senhora dona de casa"; um "senhor chefe de família".

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 29/08/2007
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