IDADES



 
Hoje em dia, face à longevidade que o ser humano consegue atingir, principalmente nos centros urbanos mais desenvolvidos e nas grandes metrópoles entre as classes sociais mais abastadas, chegar aos noventa ou cem anos de idade está se tornando lugar comum. Corriqueiro.
As mulheres que no século passado (SEC. XX) aos sessenta anos de idade já estavam acabadas e estropiadas, atualmente atingem a maturidade de anciãs com oitenta, noventa ou cem anos facilmente. Muitas delas belíssimas física e espiritualmente.
Vejam por exemplo, os atores Lima Duarte, Laura Cardoso e a gigantesca Fernanda Montenegro na novela “O outro lado do paraíso”. Que espetáculo e que alegria vê-los atuando. Parecem jovens que começaram ontem. O meu respeito e carinho por eles.
O problema é que as idades cronológicas, salvo exceções, na maioria das vezes se chocam com as idades físicas e mentais. Atingir os noventa ou mais anos com lucidez, altivez e disposição física para praticar tarefas e exercícios diários, participar de eventos, etc. com certeza ainda é privilégio de poucos.
Até agora não vi nenhuma pesquisa nesse sentido, porém, penso que da população idosa mundial os números não passam ou não chegam a um por cento entre os que estão em condições satisfatórias, boas ou ótimas.
Mesmo assim acho que já estamos no lucro. Conforme eu afirmei inicialmente a longevidade com qualidade de vida cada vez avança mais.
Para descontrair, uma brincadeira:
Quem sabe dizer o que significa um carro seminovo?
O homem (generalizando) entre os cinquenta e setenta anos é igual a um carro seminovo: Nele funciona tudo, mas com algumas restrições. Requer assíduas manutenções, troca de óleos, limpeza, aquecimento para pegar; no frio muitas vezes nem pega; na subida quase sempre apita e a lataria vive arranhada e dando problemas.
Acima dos setenta então só têm vontade. Pensam e sonham com sexo; correm atrás de capins novos e macios pra se estimular, mas acaba mesmo indo dormir pra descansar sem estar cansado e no outro dia não fazer nada.
Não liguem para esta minha brincadeira. Este escrevinhador que anda para todo lado munido de comprimidos, insulinas, meias elásticas, veste-se com bermudas e camisas polos; anda diariamente de tênis esportivos e se dá ao luxo de muitas vezes viajar três ou quatro horas, tomando três ou mais conduções; fazendo shows de uma hora e meia; tocando em saraus e eventos duas ou mais horas seguidas já passa dos setenta e dois.
Será que chegaremos aos noventa com tanta lucidez e alegria? Só o tempo e Deus poderão dizer.  Por enquanto os meus dedos conseguem deslizar nas cordas do violão com alguma desenvoltura atendendo os anseios do meu coração e do meu cérebro. Nos meus textos poéticos as palavras chegam naturalmente. Claro, dentro das minhas limitações enquanto poeta escritor.
Conclusão: Nunca se assustem e nem se envergonhem das suas idades. Agradeçam a Deus por cada momento vivido, bom ou ruim. Quanto mais idade nós temos, mais experiências vamos angariando. É assim o ciclo de vida.