AMORES E DESAMORES

O recente texto que escrevi sobre REMINISCÊNCIAS AFETIVAS me impeliu a fazer um balanço de amores e desamores, encontros e desencontros desta minha relativamente longa vida. Não vou comentar sobre o que fluiu e deu certo, independentemente da duração. Estou a pensar naqueles grandes amores que não aconteceram. Como a maioria, tive muitas relações bem sucedidas e, também como a maioria, fiquei apenas na tentativa e na saudade do que poderia ter sido, mas não foi. Geralmente, a gente pensa no que deu certo, talvez porque seja desagradável relembrar amores não correspondidos, paixões platônicas e tentativas frustradas. Neste plano, creio que a mulher é mais “concentrada” e o homem mais “diversificado”, se é que me entendem. Não sou masoquista, mas não dá para esquecer os belos sentimentos que floresceram discretamente, à sombra, e que não puderam desabrochar. Foram muitos. Não acho ruim, já que revelam energia vital, ainda que nossos “objetos de desejo” estivessem na lua ou, quem sabe, também voltados a outros objetos de desejo que alcançaram ou não. Sou de uma geração que sabe lidar com a frustração e só cometi bobagens de pouca expressão por afetos sem correspondência. Tão pequenas que acredito somente eu próprio me dei conta. Pelo menos, como regra. Mas, com toda honestidade, há coisas bem positivas nos desencontros sentimentais, pois, bem ou mal, é muito importante estar emocionalmente motivado, dá sabor à vida, faz a pessoa crescer, a despeito das dores inerentes aos desenganos. A dita “rejeição” não é nada apreciável, mas significa tentativa, ousadia, um tanto de entrega, desde que não seja forçada ou descabida. O amor platônico é mais complicado, visto que, seguidamente, nem tentativa existe. É que, não sendo fértil o campo, não adianta lançar sementes e sujar as mãos no plantio. Mas é sempre um jogo desafiador de avaliações. Nada a ver com amizades genuínas. Detalhe final: a fantasia é combustível da existência humana e, se perdeu, trata de achar.