NO REINO DA INCOMPETÊNCIA

Essa malfadada e hoje revogada Resolução do CONTRAN é uma das tantas provas da incompetência, insensibilidade, inconseqüência e desacertos da condução administrativa do país, que não são, aliás, privilégio do atual Governo. Ocorrem fatos muito semelhantes nos Estados e Municípios, igualmente. E nós pagamos altas remunerações para governantes e assessores, que, seguidamente, nem estão muito ligados em nossas necessidades como cidadãos: alguns, por interesse ou má-fé, creio que a maioria por falta de amplo conhecimento da realidade nacional e das matérias a respeito das quais foram escalados como responsáveis, por injunções partidárias ou por contemplações de amizade. Os exemplos de falta de critérios e abusos a gente percebe no dia a dia. Tenho um amigo que trabalhava na filial de uma grande paraestatal. Morava perto do trabalho e ia a pé. Por estas políticas de “economia” e remanejamento funcional, foi enviado para trabalhar a mais de sete kilômetros de distância. Além dos notórios riscos de chegar atrasado eventualmente ao trabalho e da óbvia redução salarial indireta, ficou agravado o problema do transporte público, já assaz deficiente. E tudo para o servidor continuar a fazer o mesmo serviço. Foi remanejado porque foi e se tiver de pegar automóvel para dificultar ainda mais o tráfego horroroso da cidade, azar é do goleiro. Outras entidades, incapazes de discutir e procurar resolver questões singelas e de pouco vulto no plano trabalhista, obrigam-se a contratar escritórios profissionais para longas pendengas judiciais, de resultado incerto e raramente cem por cento favorável. Negligência e desinteresse. Afinal, a empresa não é dele. Proclamam que a inflação está em queda, reajustes zero ou perto disto para os trabalhadores e aposentados, mas o Prefeito pretendia reajustar o IPTU em mais de 50% e o Governo Federal, via CONTRAN, chegou a editar Resolução que redundaria em majoração de preço para a renovação da CNH em mais de 50%. Num país continental, com tantas desigualdades e educação precária, dá pra ser otimista? Pois eu ainda acho que, com muito jeito e paciência, ainda é possível. Mas tem de meter a boca em tudo que anda errado.