Filosofia hidropônica-etílica - algumas notas sobre o nascimento da corrente filosófica

Na filosofia hidropônica-etílica, referida e pensada por aqueles, que ainda mantém a crença de que cachaça é água, os gigantes da alma são o amor, a ira, o medo, o dever (inclusive o dever de beber a embriaguez do amor, porque no amor só é bebida a embriaguez), a dor, que tanto láudano pede para ser aliviada, que tanto impulso dá ao caminhar em estrada que não deveria ter sido aberta, como este ano de dois mil e dezessete que não deveria ter começado; o humor que veste a água de balde só para derramá-la e causar riso; e o pensamento que faz o homem ser o pior e o melhor animal do mundo; onde, hoje, florestas depiladas abundam, e borboletas são aprisionadas acima do rego que sulca os glúteos e no peito de brutamontes ou de belas mulheres, e anzóis sangram narizes para serem chamados de piercings, que são também as argolas colocadas como gambiarras nas orelhas, onde a revolução dos bichos começou quando a iguana virou animal doméstico, e disse a sua dona me iguana que eu gosto! Porque foi nesses pedidos de adoção que muitos bichos de todas as espécies, desde a calopsita falando ao papagaio-mor e ao rinoceronte domesticado e ao jacaré que toma banho com um homem em um lago onírico cheio de afagos e até da balançar rabo ou ainda de jacaré na bunda sua, que é preciso dar um basta ao antropoceno, por ser necessário tomarem o poder para reconduzir a natureza ao planeta, hoje dominado pela natureza da bestialidade humana, os únicos animais que não matam apenas para comer, seja ele um rei da espanha, seja o envenenador de gatos e cachorros. Alguns deles infiltrados nas casas para roubarem as mulheres de seus homens, tudo pela revolução dos bichos, ao ponto de um dos princípios da filosofia hidropônica-etílica ser uma das frases de Stanislaw Balner: Ame seu marido como se fosse o seu cachorro! Sobre um alcoolismo de suma importância é que é escrito este livro, um maltratado calhamaço cheio de gags e soluços. Stanislaw Balner nasceu em uma Cidade-Estado de dimensão onírica chamada Belvedere, nasceu com aspecto de água-viva, mas não queimava ninguém e ainda não tinha queimado fumo, até aos vinte e um anos de vida, sim, essa foi a idade com qual nasceu, e, exceção à regra, nasceu para o mar ao invés de nascer para a terra, usou pernas de pau para andar sobre as águas porque nascido para o mar nunca foi um marinheiro de verdade, técnico de enfermagem ingressou na Marinha do Brasil para embarcar em navios para conhecer o mundo. Porém, era um fraco para a bebida, mais o fraco mais fraco do navio inteiro, quando o navio surtava em algum porto era comum voltar carregado para bordo por seus amigos também marujos, estes sim, homens do mar, de manobras e reparos de toda ordem, maquinistas, sinaleiros, armamentistas, uma equipe que garantia à quilha cortar o mar sem causar dor ao mar. Embora o mar, sempre se soube, seja traiçoeiro, mesmo o mar dos poetas que nunca pisaram um convés, o mar misterioso mar, onde as gaivotas velhas voam à beira-mar, porque só as jovens têm fôlego para voos longos acima do soberbo oceano. O mar sobre qual a noite desce como uma tarrafa para contar estórias sob a luz de estrelas.

O mar das alegrias e tristezas e das derrotas latinas no mediterrâneo.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 17/03/2018
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