A mulher que chora, atravessando o sinal - Raul Franco

Quando você procura limpar a tua mente, buscando coisas boas, e medita para se conectar com o agora, um vasto mundo se abre na sua frente e você não ignora o que acontece à sua volta.

Hoje, antes de meditar, por volta das 20h, fui ao banco, fazer um depósito. Ao voltar, vim caminhando lentamente, observando tudo em volta. Ao atravessar a rua, vi uma moça, de uns 30 anos, com uma expressão triste. Ela atravessava junto comigo. Quando olhei de novo pra ela, vi que começava a chorar. E dava pra ver que era um choro dolorido. No ímpeto, pensei em perguntar: “Está tudo bem? Precisa de ajuda?” Pensei nisso duas vezes. Segui em frente e a ouvi chamar por alguém: “Fabrício, espera!”. Por um momento, pensei que era algum delírio e ela estaria imaginando que eu era o tal Fabrício. Mas vi a frente um rapaz. Quando ela chamou, ele parou. E vi a cara dele de aborrecido, com a expressão do tipo: “Que saco!” Ela chegou até ele e seguiram caminhando. Eu mais a frente. E ela discutia com ele e chorava mais ainda.

A energia daquilo me deixou triste. Porque me lembrou das vezes que estive nessa situação. Como em uma noite no Circo Voador com uma ex-namorada. Eu havia marcado de encontrar com ela em um lugar onde estavam outros amigos, bem próximo ao Circo. Ela já chegou brigando comigo porque remarquei o lugar. E fomos brigando até o Circo Voador. Lá, estava todo mundo se divertindo e a gente com a cara fechada. Discutimos mais e ela começou a chorar. Primeira vez que ela chorava assim numa briga. Pessoas olhavam pra nós. Eu fiquei mal. Tentei abraçá-la e ela se afastou. Nem sei o que aconteceu depois. Mas o que quero dizer é que e muito triste quando uma relação se torna tóxica. Você não consegue respirar. Não é que vocês sejam essa fúria. É que vocês deixaram as coisas ruins invadir a relação. Não é que aquela minha ex fosse terrível. Pelo contrário. Ela foi uma das pessoas mais incríveis que conheci. Mas acabamos nos transformando, porque não percebemos o primeiro sinal de que estávamos nos sufocando, por possessividade, ciúme e perda do encanto.

O que sei é que hoje senti compaixão por esse casal que brigava atrás de mim. Eu me pus no lugar deles e tentei mandar uma boa energia na hora da minha meditação.

Talvez, eu não consiga salvar o mundo. Mas se eu continuar me sensibilizando com cenas como essa, sei que minha humanidade está conservada.

No mais, cuidem das suas relações. Não as deixem se intoxicarem.

Boa sorte!

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 16/03/2018
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