MODISMOS NO DIREITO

Há realmente vários juristas - juízes, promotores, procuradores, professores e advogados - muito articulados, que escrevem bastante bem, ostentam pomposos títulos e galardões, contam com apreciável erudição técnica e experiência de trabalho. É indiscutível. Não quero falar daqueles que enganaram muitos durante certo tempo e, inclusive, lograram galgar altos escalões. Como em todas as profissões. Nosso nível intermediário é que me parece mais sofrível, ressalvadas as belas exceções, nem sempre badaladas. Por mais titulado que seja o profissional, tenho vislumbrado significativos déficits, a despeito de clarões de inteligência aqui e acolá. Na política é a mesma coisa, só que o quadro é bem mais desolador. Nem é preciso invocar grandes figuras históricas. Tive, por exemplo, o privilégio de assistir, ao vivo e a cores, com muitas outras pessoas, inclusive grande número Deputados Federais - plenário do Senado da República apinhado e absolutamente silencioso – a célebre discurso do nosso ilustre Senador Paulo Brossard de Sousa Pinto, já nem lembro se ao tempo de Geisel ou Figueiredo, que foi uma das mais brilhantes perorações que ouvi na vida. Fiz um Curso sobre Atos e Fatos Jurídicos com Pontes de Miranda muito bom, mas não tanto quanto sua insuperável obra jurídica, que agora invoco para comprovar cabalmente que o nível cultural desse Mestre fica muitos e muitos degraus acima dos juristas pátrios que tanto impressionam, ainda que méritos também tenham. Poderia citar igualmente Ruy Cirne lima, Galeno Velinho de Lacerda e outros tantos luminares aqui dos pagos, de incomparável saber. Só mencionei alguns exemplos de pensadores para pedir moderação na veneração ou no elogio aos modernos. É claro, a grandeza de Pelé e Maradona não elimina o reconhecimento imperativo de novos talentos, como Messi e Neymar. Não sou saudosista, mas é preciso calma para observar atentamente os meteoros. Ademais, talento não é coisa de moda.