MATERNIDADE

Mães e pais podem apresentar perfis muito diferentes. Há pais que são verdadeiras “mães” e mães bem mais voltadas às suas legítimas e incontrastáveis vocações profissionais – o que não desmerece ninguém. Aliás, há mães que nem trabalham fora e nem se caracterizam por interesses, digamos, mundanos, cumprem seu papel, amam e cuidam de seus filhos, preocupam-se, mas preservam íntegra a sua individualidade e não renunciam a seus pequenos ou grandes prazeres. Pais, geralmente – sem considerar os absolutamente omissos – desempenham, ainda, na sociedade atual, função predominantemente provedora e de autoridade relativamente aos filhos, sobretudo: resolvem os conflitos mais ásperos e encaram as situações teoricamente de maior risco, na proteção à família; também, a seu cargo, costuma ficar a orientação geral para a vida. Alguns pais são reservados, outros autoritários, outros, ainda, amigos e parceiros. A figura do pai conselheiro é clássica. Nos anos mais recentes, é cada vez maior o número de pais que dividem as responsabilidades familiares e ajudam no dia a dia. Mas, mãe é mãe, não adianta confrontar a biologia, pois o instinto materno habitualmente é muito poderoso e requer espaço de manobra. A independência da mulher vem acarretando mudanças, mas não ao ponto de diminuir-lhe o papel na vida familiar, independentemente de o pai ser mais ou menos colaborativo. Minha falecida e querida mãe, por exemplo, nunca trabalhou fora, não cozinhava, contava com empregada, babá e nunca teve de preocupar-se com o sustento da família; não era submissa às vontades de seus cinco filhos, e, portanto, não se enquadrava no modelo tradicional de “mama” carinhosa, abnegada e superprotetora. Mas faz uma falta danada. Cada um com suas idiossincrasias, problemas, interesses e encantos. Em homenagem ao dia da mulher, dirijo meu pensamento à figura insubstituível de minha mãe, que, por isto ou por aquilo, foi extraordinária.