A QUESTÃO DE MORAR FORA DO PAÍS
Este é um tema que comporta múltiplas abordagens e que alguns amigos, com bastante propriedade, têm abordado em suas páginas do FACE. A conclusão é que depende de cada um, das oportunidades, do jeito de ser, raízes e outros aspectos. Quando jovem, morei certo tempo no exterior, mas, tendo em vista que meus pais tinham cinco filhos - e que, dos dez aos quatorze anos, morei longe deles, com os avós – a provisória separação foi quase natural, não fossem, à época, tão difíceis as comunicações. Depois do nascimento dos filhos, a perspectiva mudou. Hoje em dia, dois filhos morando em Porto Alegre, três netos, mulher, enteado, irmãos e os três cãezinhos Poodle, desisti cabalmente da ideia de usufruir minha cidadania portuguesa em Lisboa, após a aposentadoria. A própria idade, por si só, é eloqüente, mas, sem tais vínculos poderosos, eu partiria, no mínimo, para temperar a dita “melhor idade”. Não tenho dificuldade para me relacionar e ocupar espaço, o que me falta, às vezes, é paciência ou interesse. Talvez preferisse Paris, que me traz as melhores lembranças e que conheço razoavelmente. Agora, não interessa mais, é por aqui mesmo que deverei permanecer, cultivando o ninho. Muita gente não acredita no amanhã do Brasil e não tiro a razão dos inconformados. Aliás, alguém precisa ficar para apagar a luz. Sou a “Velhinha de Taubaté” neste caso específico (adaptando a história do Veríssimo). De resto, tenho todos os cacoetes apontados pelos ecumênicos: sou patriota, regionalista, bairrista e gosto demais do meu chão - com suas tradições, virtudes e defeitos. Tá explicado, não?