A INFLAÇÃO DE CADA UM
O Governo, com base em levantamentos oficiais e dados estatísticos, decreta a baixa da inflação, o que efetivamente ocorre em vários itens, inclusive pela escassez de dinheiro na praça. A estatística é o máximo: há dois habitantes numa ilha, um só comeu dois patos, mas na estatística vira um pato para cada um. Os salários, aposentadorias, aluguéis, aplicações financeiras estão estagnados ou até baixam fortemente – estas últimas pela diminuição forçada da SELIC. Mas, por exemplo, os remédios não baixaram nem os honorários médicos e outros serviços, incluindo planos de saúde; as despesas de combustível aumentaram, tudo que se refere a animais, brinquedos e a festas infantis aumentou ou não sofreu qualquer redução; os restaurantes continuam caros, especialmente se você quiser beber um vinho razoável; a faxineira aumentou de preço, o salão de beleza para mulheres e o condomínio também. O preço do futebol, dos shows artísticos, das roupas, das bebidas em bares, das festas jovens, continua alto e nada indica que irá corresponder às fantasias e aos anseios oficiais. Até o custo dos jornais impressos aumentou. Enfim, a classe média paga o pato que não comeu. Se você não tem um dinheirinho a receber por alguma venda parcelada, ação judicial, honorários pendentes, prêmios, herança, loteria ou, enfim, ingresso financeiro extra, é melhor acautelar-se. Sem falar nos direitos e vantagens que procuram suprimir. Os impostos são “imexíveis”, quando não aumentam. Nosso alcaide pretendia aumentar o IPTU em algo ao redor de 50%, não deu, mas a semente foi lançada. Multas disparam e se multiplicam na “legislação de primeiro mundo”. Nosso sofrido real, que, na criação, era “moeda forte” e até já valeu mais do que o dólar norte-americano, apanha em eventuais viagens ou compras internacionais. A gente vai levando, mas ninguém é bobo, viu?