CUBA: VERDADES E PRECONCEITOS

Para começar, deixo bem claro que não me adaptaria ao “modus vivendi” cubano. Havana é assaz pitoresca, interessante e bela e Varadero é um espetáculo. Foi o que pude conhecer, como turista, em oito dias. Mais uma ou duas outras cidades no caminho, Como houve grande necessidade de canalização de esforços e recursos para a alfabetização total do povo, educação e saúde gratuitas, segurança, habitação, as limitações ao maior conforto e desfrute foram obviamente necessárias, inclusive por falta de capitais – que minguaram drasticamente com o esfacelamento da URSS. Então, pode-se dizer que a população leva uma vida, digamos, digna, mas sem perspectivas de ascensão econômica e social. Basta dizer que coexistem duas moedas: o peso conversível (CUC) para turistas, equivalente aproximadamente ao valor do euro, e o peso de valor ínfimo, utilizado pela população local. O turismo é uma das grandes receitas nacionais e os que trabalham nessa indústria, empregados estatais de baixos salários, vivem da “propina”, que é uma instituição e uma necessidade. Achei o cubano muito trabalhador, tem um bom nível de conhecimento, atencioso e orgulhoso de seu país. Não vi mendigos, moradores ou crianças de rua, mais de 80% da população residem em casa própria ou alugada. Há mansões majestosas de outros tempos, ocupadas por embaixadas ou pelo comércio, cubanos não têm a menor condição de usufruí-las. À noite, a iluminação pública é bem fraca, certamente por economia. Os imponentes hotéis, monumentos de luxo de outros tempos, necessitam de modernização e vários reparos. A internet é restritíssima e débil, além de cara ao turista. O visitante anda à vontade por onde for e a qualquer hora, desfruta da boa música, da boa bebida, nos mais tradicionais recantos da cidade velha e, como avisaram, nem é preciso levar passaporte, pois ninguém nos exige identificação. Não curti muito a comida, confesso. Vi pais com seus filhos pequenos à meia-noite, em praça em frente ao barzinho maneiro em que nos divertíamos. O contraste entre passado - de colonização espanhola e, posteriormente, de exploração norte-americana e mafiosa - e o presente, conformam uma cidade que vale a pena conhecer. Não para viver. Ademais, salvo em ambientes fechados ou inadequados, pode-se fumar, sempre com cinzeiros disponíveis, inclusive nos quartos de hotel, em Havana e Varadero. Como tinham sacada, Andréa não me incomodou. Valeu!