QUEBRANDO O PROTOCOLO
Crianças, não façam isto. Nem adultos, por favor. Acontece que há situações em que a quebra de protocolo praticamente se impõe. Pode não ser muito ético, mas é prazeroso, justo e punitivo aos que pecam sem constrangimento, descumprindo seus compromissos básicos. Certa feita, há vários anos, já separado e num veraneio só com faxineira, quando passava cerca de um mês na minha antiga casa em Xangri-lá, fui almoçar num belo restaurante de frutos do mar, perto do Aldeia Shopping e que agora não lembro o nome. Eram duas e pouco da tarde, o local sempre muito concorrido, de qualidade. Sentei à mesa, sozinho, e fiquei bons minutos chamando e aguardando garçons. Todos muito ocupados e absortos em seus misteres. Depois de muita espera, levantei-me e fui ao bufê duas vezes: primeiro, uma deliciosa sopa de frutos do mar, depois, a comilança geral. Não lembro se comi sobremesa, não é meu forte. Queria uma mísera coca-cola, mas não me deram qualquer atenção. Talvez tenha repetido a comida, não lembro mais. Satisfeito, com toda calma e confiança, levantei-me e fumei um cigarrinho na calçada. Depois, peguei o carro no estacionamento bem ao lado e parti para tomar uns goles de coca bem gelada na minha casa e, logo após, a indefectível sesta. A conta? Isto pergunto eu. Talvez venham a apresentá-la um dia, quando poderemos elucidar algumas coisinhas relativas aos direitos do consumidor. Como dizia meu avô português: “quem não tem competência, que não se estabeleça”.