(Imagem do Google)
Carnaval, etecétera e tal
Simpatia por malandros e heróis do samba , oriundos dos altos e baixos guetos cariocas. Trocaram seus primeiros passos no final dos anos 20, devido às condições a que lhes foram impostas, empurrados à própria sorte , desde os primórdios das caravelas aos vestígios da”farra dos guardanapos”, em jantares parisienses.
Ascenderam -se a partir dos anos 50, conquistando a classe média e à rendição das chamadas elites intelectuais .
Num sopro de confetes , purpurinas , pierrôs, colombinas, surgira o primeiro desfile competitivo das Escolas de Samba que fora organizado pelo “Mundo Sportivo”, do jornalista pernambucano , Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues.
Os doutores aqui divergiam daqueles do período colonial, que se diplomavam em medicina e direito no Continente Europeu.
Especialização dos Mestres do Samba era ditada pela cruel realidade em que se permaneciam num passado, presente. Cartola já esteve aqui para comprovar e deixar a comunidade acadêmica de queixo caído, com suas doces melodias- “As Rosas não Falam e “ O Mundo é um Moinho”, Elza Soares dispensaria qualquer menção aqui descrita, “-lata d’água na cabeça…”
O samba expandiu-se freneticamente. Nos morros pipocavam-se crianças, propagavam-se misérias, violência , grandeza, gingados, conhecimentos de causa e até feijoada!
Já dizia o Grande Joãosinho Trinta, com a imagem do Cristo em frangalhos - “ Mesmo Proibido, Orai por Nós! “
Paulo Barros, Rosa Magalhães, dentre outros detalhistas carnavalescos , serpentes que fazem delirar o mais altivo da esfera civilizada.
Sem mencionar, o que estaria por debaixo dos tapetes persas de Bicheiros com seus sapatos brancos, ar cafajeste, cédulas verdes não direcionadas aos vassalos e suas pencas de filhos, narro a exuberância de uma Águia da Portela , a delicadeza de um samba enredo na voz de” Neguinho”da Beija Flor, bateria do Salgueiro, mestre sala e porta bandeira da Grande Rio , ala das baianas e belezas estampadas nas demais escolas!
Apreço aos sábios operários das Comunidades que tecem e sonham no advir de todas as estações, às mulatas bonecas de molas, homenageando de Miguel de Cervantes ao Palhaço Carequinha, de Betânia- “ Menina dos Olhos de Oyá” ao furacão Ivete Sangalo.
Acompanho esse ritual desde a época da televisão branca e preta, madrugadas assistindo a esse espetáculo.
Fez-se necessário evoluir conforme o samba, assistindo posteriormente em televisões coloridas, atualmente em maior dimensão.
Intensamente cúmplice dessa magia , vi o desfile de perto , na gigantesca Marquês de Sapucaí, onde o metro quadrado, naquele estrondo, quiçá teria valor equiparado a uma Champs Elysees, tamanha era a admiração e encantamento de alguns estrangeiros desajeitados, num esforço quase cruel em trocar alguns passos, pernas...
Japoneses comportados, paralisados , sorriam educadamente , validando e operando suas máquinas de supremas tecnologias.
Indescritível a criatividade do nosso povo; oceanos , piracemas, culinária mineira perfumando o ambiente com o cheiro do café, astronautas descendo de paraquedas , a riqueza dos carros alegóricos, recuo da bateria, fantasias das comissões de frente , alas das baianas e a velha guarda.
Alternando os fevereiros, voltei três vezes mais.
Lembro-me de que em uma determinada época de carnaval, encontrava-me no Chile e ao passar em frente ao Palácio La Moneda, compadeci-me por todos aqueles que vivenciaram tempos sombrios da ditadura chilena. Os Múltiplos pensamentos femininos transportaram -me ao palco do samba, que por algumas horas dissipam nossas dores, dissabores , restando-nos louvores!
Marquês de Sapucaí energizada, fogos matizados, quatro mil e trezentos componentes, Azul e branco imperando. Ouve-se o primeiro gemido da bateria seguido de uma voz ecoando intensamente:
-Alô Comunidade!
-Alô Marquês de Sapucaí!
-Olha a Portela aí geeeente!
Aplauso universal!
Realismo fantástico desse espetáculo é que os papéis se invertem, aqueles que vivem à margem dos seus barracos ornamentados pelas cicatrizes dos fuzis são reverenciados por suas destrezas e habilidades, ao desfilarem no Palco do Centro do Mundo…
Homenageando o Grande Paulinho da Viola, tudo isso foi "...um rio que passou em minha vida e me deixou levar..."
Fevereiro está batendo à porta e neste relampejar que é a vida, vejo o reflexo das luzes de Natal...
Ascenderam -se a partir dos anos 50, conquistando a classe média e à rendição das chamadas elites intelectuais .
Num sopro de confetes , purpurinas , pierrôs, colombinas, surgira o primeiro desfile competitivo das Escolas de Samba que fora organizado pelo “Mundo Sportivo”, do jornalista pernambucano , Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues.
Os doutores aqui divergiam daqueles do período colonial, que se diplomavam em medicina e direito no Continente Europeu.
Especialização dos Mestres do Samba era ditada pela cruel realidade em que se permaneciam num passado, presente. Cartola já esteve aqui para comprovar e deixar a comunidade acadêmica de queixo caído, com suas doces melodias- “As Rosas não Falam e “ O Mundo é um Moinho”, Elza Soares dispensaria qualquer menção aqui descrita, “-lata d’água na cabeça…”
O samba expandiu-se freneticamente. Nos morros pipocavam-se crianças, propagavam-se misérias, violência , grandeza, gingados, conhecimentos de causa e até feijoada!
Já dizia o Grande Joãosinho Trinta, com a imagem do Cristo em frangalhos - “ Mesmo Proibido, Orai por Nós! “
Paulo Barros, Rosa Magalhães, dentre outros detalhistas carnavalescos , serpentes que fazem delirar o mais altivo da esfera civilizada.
Sem mencionar, o que estaria por debaixo dos tapetes persas de Bicheiros com seus sapatos brancos, ar cafajeste, cédulas verdes não direcionadas aos vassalos e suas pencas de filhos, narro a exuberância de uma Águia da Portela , a delicadeza de um samba enredo na voz de” Neguinho”da Beija Flor, bateria do Salgueiro, mestre sala e porta bandeira da Grande Rio , ala das baianas e belezas estampadas nas demais escolas!
Apreço aos sábios operários das Comunidades que tecem e sonham no advir de todas as estações, às mulatas bonecas de molas, homenageando de Miguel de Cervantes ao Palhaço Carequinha, de Betânia- “ Menina dos Olhos de Oyá” ao furacão Ivete Sangalo.
Acompanho esse ritual desde a época da televisão branca e preta, madrugadas assistindo a esse espetáculo.
Fez-se necessário evoluir conforme o samba, assistindo posteriormente em televisões coloridas, atualmente em maior dimensão.
Intensamente cúmplice dessa magia , vi o desfile de perto , na gigantesca Marquês de Sapucaí, onde o metro quadrado, naquele estrondo, quiçá teria valor equiparado a uma Champs Elysees, tamanha era a admiração e encantamento de alguns estrangeiros desajeitados, num esforço quase cruel em trocar alguns passos, pernas...
Japoneses comportados, paralisados , sorriam educadamente , validando e operando suas máquinas de supremas tecnologias.
Indescritível a criatividade do nosso povo; oceanos , piracemas, culinária mineira perfumando o ambiente com o cheiro do café, astronautas descendo de paraquedas , a riqueza dos carros alegóricos, recuo da bateria, fantasias das comissões de frente , alas das baianas e a velha guarda.
Alternando os fevereiros, voltei três vezes mais.
Lembro-me de que em uma determinada época de carnaval, encontrava-me no Chile e ao passar em frente ao Palácio La Moneda, compadeci-me por todos aqueles que vivenciaram tempos sombrios da ditadura chilena. Os Múltiplos pensamentos femininos transportaram -me ao palco do samba, que por algumas horas dissipam nossas dores, dissabores , restando-nos louvores!
Marquês de Sapucaí energizada, fogos matizados, quatro mil e trezentos componentes, Azul e branco imperando. Ouve-se o primeiro gemido da bateria seguido de uma voz ecoando intensamente:
-Alô Comunidade!
-Alô Marquês de Sapucaí!
-Olha a Portela aí geeeente!
Aplauso universal!
Realismo fantástico desse espetáculo é que os papéis se invertem, aqueles que vivem à margem dos seus barracos ornamentados pelas cicatrizes dos fuzis são reverenciados por suas destrezas e habilidades, ao desfilarem no Palco do Centro do Mundo…
Homenageando o Grande Paulinho da Viola, tudo isso foi "...um rio que passou em minha vida e me deixou levar..."
Fevereiro está batendo à porta e neste relampejar que é a vida, vejo o reflexo das luzes de Natal...