ANALÓGICO

A gente, quando tem mais idade, costuma atribuir deficiências e posturas acidentadas a fatores etários. E é isto mesmo. Claro que o passar dos anos não explica tudo. Há questões inerentes ao jeito de ser. Mas sempre acreditei que a idade aumenta nossos defeitos e diminui ou empana as virtudes. Ao menos comigo é assim. Eu fico muito irritado com minha marcante falta de sintonia no que concerne a habilidades manuais mínimas, tipo digitar, carregar um copo cheio sem derramar, controlar (e acertar) os toques sutis dos dedos nos controles remotos de eletrônicos como televisão, DVD e celular. Por isto, não me desfaço do meu celular NOKIA 3.2, não envio torpedos e coisas do gênero. What's, então, nem pensar. Sou bem analógico, nada digital. Quando vamos para Gramado, uso um velho tablete da Andréa, mas só para ler postagens na minha página virtual. Se alguém é mesmo observador, deve notar que nunca escrevo textos quando vou para lá. Só recentemente instalei internet, roteador Wi-Fi e um laptop em nosso apartamento. Mas o uso, por ora, está restrito a assistir a filmes e seriados da Netflix, eventualmente um e-mail ou ligeira passada pelo Face. Como tenho alguma dose de TOC, acho que a abstinência temporária é saudável, afinal, são quase 550 textos já publicados no site literário Recanto das Letras, sem falar em minhas andanças diárias facebookianas. No referido tablete, é sempre árdua minha luta para dar aquele toque sutil para fazer correr a página. Outra coisa:tirar fotos é geralmente penoso; em viagens, sobretudo, delego a tarefa para Andréa. Tiro de boa vontade, mas aconselho a não me pedirem. Aprendo com certa facilidade a lidar com toda esta parafernália tecnológica dos tempos correntes, mas entre o pensamento e a execução existe um abismo. Enfim, para quem lidou pela primeira vez na vida com um computador aos 56 anos de idade, é preciso não perder a fé, mas o peso da mão - que parece ter vida própria - é uma barreira e tanto.