OS ZUMBIS
(Samuel da Mata)

De repente, você percebe, o corpo está presente, mas o coração já  voou. O olhar, o sorriso, tudo revela: já não existe a alma, em outras paragens ela já foi pousar. A voz é fria, o sorriso amarelo e o abraço é só um rito artificial.

Muitos são os patologistas que vivem a esmiuçar cadáveres em busca da causa mortis, ou a injetar oxigênio buscando inultilmente uma ressurreição impossível. Eu não sou assim,  constatado o óbito, segue-se a cremação.  Não só do corpo, mas de todas as lembranças dele.

Não gosto de filmes de terror e não acompanho desfiles de zumbis. Gosto da vida, da espontaneidade e do sorriso farto, ainda que nutrido por meras banalidades da vida. Aliás, para ser feliz bastam pouquissimas coisas. 

Tem gente que tem tudo para ser feliz, mas faz  o amor morrer por causas banais  ou por necessidades imaginárias e artificiais.  Buscam sempre uma razão para mudar de cara e derribar o humor. Habitam no paraiso,  mas só sonham com o inferno.

 Sinceramente, não há santo no mundo que aguente isto.
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 06/01/2018
Reeditado em 07/01/2018
Código do texto: T6218862
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